segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A VERDADEIRA FACE DA HOMEOPATIA


A VERDADEIRA FACE DA HOMEOPATIA
Pr. Robson T. Fernandes

Desde que a Homeopatia surgiu em 1796 com Samuel Hahnemann, tem sido alvo de debates, discórdia e – ao mesmo tempo – disseminação. Ora com influências e práticas religiosas, ora com um aparente caráter científico.

Diante disso, surge o questionamento sobre a legitimidade e validade da utilização dos remédios homeopáticos. E mais, um dos principais argumentos que têm sido utilizados em seu favor diz respeito ao seu resultado, pois muitos afirmam que acreditam na Homeopatia porque esta funciona. Mas, a nossa questão aqui não diz respeito simplesmente a validar algo porque funciona, e sim em buscar entender quais as suas origens e mecanismos que a fazem funcionar. Qual o mecanismo que está por trás do funcionamento dos remédios homeopáticos?


No II Congresso da Federación de Asociaciones Médicas Homeopáticas Argentinas, realizado em Huerta Grande, Córdoba, no ano de 1998, o Dr. Silvio Seno Chibeni, do Departamento de Filosofia (IFCH) da Unicamp abordou a Questão da Cientificidade da Homeopatia, para tratar da sua relevância em certos desenvolvimentos recentes na física. Em seu artigo, Chibeni cita o criador da homeopatia ao afirmar que “Somente através do ser imaterial (princípio vital, força vital) que anima [o corpo] na saúde e na doença pode ele sentir e manter suas funções vitais.” (Hahnemann apud CHIBENI, 1998, p.20).

O Dr. Hahnemann, fundador da Homeopatia, chamou o princípio ativo do remédio homeopático de “princípio vital” ou “força vital”, e que este era “imaterial”. Com isso, comelamos a entender que o próprio fundador e fabricante da Homeopatia cria que algo imaterial, metafísico, transcendente, “espiritual”, era o responsável por fazer o remédio funcionar.

O Dr. Chibeni, continua:

Conforme se lê nos parágrafos 9, 10 e 15, a força vital é entendida como aquilo que “dá vida” (10, 15), “anima” (9), “mantém” o organismo material humano (10); que “mantém as sensações e atividades do organismo em harmonia” (9); que desempenha um papel essencial na percepção e nas ações do corpo (10).

Essas funções que Hahnemann atribui ao princípio vital haviam sido, algumas vezes, desde Aristóteles, atribuídas à própria alma. Mas Hahnemann concebe a alma ou espírito como o ser pensante que habita o corpo (ver, por exemplo, o parágrafo 9), distinto portanto do princípio vital. Quando diz que o princípio vital não é material não se deve pois concluir - como fariam os dualistas - que é espiritual. Note-se que Hahnemann nunca faz tal inferência; o que ele diz é que o princípio vital é “como-espírito” (spirit-like, na tradução inglesa que utilizamos), o que é diferente de “espiritual”. (CHIBENI, 1998, p.19,20)
Para Chibeni, porém, este algo imaterial não deve ter um caráter religioso, como entendemos, mas sim algo simplesmente metafísico. Não deve ser confundido, por exemplo, com demônios. Mas a pergunta que surge automaticamente é: Se não é algo metafísico da forma como compreendemos, seria metafísico em que sentido?

O que vemos aqui é, na verdade, uma tentativa de desvirtuar o real sentido de “imaterial” (metafísico) simplesmente porque este conceito não é aceito pela ciência moderna. E já que há uma busca desenfreada pelo reconhecimento científico da Homeopatia, é atordoante reconhecer que a sua essência baseia-se em metafísica, espiritualismo. Por isso, a tentativa de mudar o sentido de espiritual. Mas, não importa que nome receba, o fato é que torna-se constrangedor para os homeopatas o fato inegável, irrefutável, incontestável, claro e evidente de que o que está por trás do aparente sucesso do remédio homeopático é o seu princípio imaterial, espiritual.

Exatamente nesse mesmo sentido, Nádia Míkola em sua dissertação apresentado ao Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina, com o título “Uma “Medicina Espiritual?”: Aproximações entre espiritismo e homeopatia – 1860-1910”, faz as seguintes afirmações:
Marco Bessa relaciona apontamentos da doutrina de Hahnemann com alguns conceitos de alquimia encontrados em Paracelso. Bessa aponta que no período da vida do autor da homeopatia em que ele abandonou a medicina, além de se dedicar às traduções, também teria realizado pesquisas em torno da alquimia, de onde, então, derivariam a farmacotécnica homeopática, o conceito de espiritualização da matéria, à importância atribuída ao mercúrio, ao enxofre e ao sal e a noção de doença universal (MÍKOLA, 2012, p.44)
Se em um sentido religioso a homeopatia é a busca pela materialização do espiritual, em um sentido histórico a homeopatia está diretamente relacionada com a alquimia, que é a busca pela transmutação da matéria e pela busca de um remédio universal.

Míkola ainda afirma:
O alquimista entendia que toda a criação seria composta por três elementos: mercurius, sulphur e um sal, existindo, assim, três tipos de remédios correspondentes a três tipos de doenças, ou seja, as enfermidades mercuriais seriam tratadas com o mercurius, as doenças salinas seriam tratadas com o sal e as doenças sulfúricas seriam curadas com o sulphur. [...] Parece-nos que Hahnemann ao apresentar uma teoria sobre a origem e a natureza das doenças crônicas, em número de três e relacionadas a três princípios de Paracelso, sulphur, mercurius e sal, ao triturar, diluir e agitar as substâncias, para liberar o poder medicinal oculto delas e ao propor o tratamento da psora, da sykosis e da syphilis, através de seus remédios específicos, lembra-nos o processo alquímico da obra em três etapas, para a transformação da matéria impura (doença) em ouro (saúde), para se atingir os ‘mais altos fins de nossa existência’ (a união com Deus). (Idem, p.45)
A essência da alquimia, existente na Homeopatia de Hahnemann, não era puramente material, mas haviam os fins religiosos, já que existia a busca pela “união com Deus”. Ou seja, pela libertação das mazelas produzidas no corpo físico pelo desequilíbrio do espírito.

Essa mesma relação existe claramente no espiritismo, e para demonstrar a relação da Homeopatia com o metafísico, com a alquimia e com o espiritismo, Míkola continua:
De acordo com a filosofia espírita, o ser humano é formado por três elementos: a alma ou espírito, o corpo perispiritual ou períspirito e o corpo físico, sendo que estes estão intimamente relacionados. Neste sentido, os acontecimentos de natureza emocional, sentimental ou no campo das ideias, como por exemplo, uma falta cometida, opera na mente humana um estado de perturbação, instaurando desarmonias de vastas proporções nos centros da alma. Desta forma, emitir pensamentos negativos, ou agir de forma desregrada ou malfazeja, constituiriam as geratrizes básicas dos processos mórbidos (Idem, p.137)
Esse pensamento espírita é exatamente a mesma base sobre a qual se apoia a Homeopatia de Hahnemann, e sobre a qual muitos na atualidade desejam ocultar para que a relação entre Homeopatia e espiritismo não seja estabelecida, pois isso consistiria em um empecilho para os seus plenos de reconhecimento científico.

A socióloga Madel Luz é bem conhecida por seu trabalho publicado em 1996 (A arte de curar versus A ciência das doenças: História social da Homeopatia no Brasil), em que entre outras finalidades, busca demonstrar que a Homeopatia não é um sistema médico espiritualista. O argumento de Luz baseia-se na afirmação de que a Homeopatia surgiu muito antes do Espiritismo. Logo não poderia ter sido influenciado por essa crença metafísica espiritualista. Mas, isto não é verdade.
Hahnemann

Christian Friedrich Samuel Hahnemann nasceu na Saxônia em 1755 e fundou a Homeopatia em 1779 (século XVIII). Já o Espiritismo Kardecista surgiu com o seu codificador Hippolyte Léon Denizard Rivail, no século XIX. Mas, o que vemos com Kardec é simplesmente o surgimento de uma nova versão de espiritismo. Portanto, Kardec não é o fundador do espiritismo, mas é considerado o codificador deste e o fundador de um novo tipo de espiritismo, denominado de Kardecismo. Então, se o Kardecismo só surge após a Homeopatia, o espiritismo e suas práticas são muito mais antigos que o próprio Kardec e Hahnemann. Antes da denominada codificação, Kardec já frequentava reuniões com as famosas “mesas girantes”, outros povos e civilizações já defendiam a possibilidade de consultar os mortos, fazer previsões futurísticas e já havia a crença na reencarnação.
Allan Kardec

Portanto, buscar isentar a Homeopatia de sua relação com os pressupostos espíritas é simplesmente uma manipulação conceitual que visa mascarar a Homeopatia como uma ciência, quando na verdade é simplesmente uma prática espiritualista. Na verdade, essa tem sido uma das grandes tentativas do espiritismo nos últimos anos, quando busca o reconhecimento científico de suas práticas, também.

Hahnemann defendeu que o responsável pela cura do ser através da Homeopatia era a força vital, que Kardec chamou de Fluido Vital. Por isso, Míkola (2012, p.140) afirmou que “O principal ponto em comum entre estas filosofias, e defendido pela maioria dos autores que trabalham com esta temática, versa a respeito do fluido vital, ou força vital, sustância esta defendida tanto por Hahnemann quanto apresentada por Kardec”.

O Instituto de Cultura Homeopática (ICEH) publicou em 2011 a tradução do trabalho de Robert Ellis Dudgeon, Lectures on the Theory and Practice of Homoeopathy (Palestras sobre a Teoria e a Prática da Homeopatia), em que estabelece a real ligação das curas homeopática não só à questões físicas, mas sobretudo a uma origem espiritual. Vejamos:
Vou concluir as minhas citações de Paracelso com um trecho que mostra que, como Hahnemann, ele considerava o poder medicamentoso como algo espiritual e separável do medicamento material – em teoria, pelo menos, se não no fato: “O medicamento está no espírito e não na substância (ou corpo), porque corpo e espírito são duas coisas diferentes” (DUDGEON, 2011, p.40)
Paracelso
Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim ficou conhecido como Paracelso. O nome significa: “superior a Celso”, que foi um médico romano. Ele nasceu em 1493 e morreu em 1541, e foi médico, alquimista, físico, astrólogo e ocultista. Era conhecido como místico e possuía a reputação de mago.

O pensamento de Paracelso influenciou Hahnemann e ambos acreditavam que através da materialização do espiritual o físico poderia ser curado. Até os dias de hoje isso é conhecido como ocultismo.

Hahnemann seguiu a mesma linha de raciocínio do filósofo grego Aristóteles em o Organon, a ponto de publicar uma obra com o mesmo nome. William Boericke afirmou que “o Organon de Hahnemann é a mais elevada concepção da filosofia médica, cuja interpretação prática fará brotar uma fonte imensa de luz que guiará o médico por meio da lei da Cura a um novo mundo em terapêutica”. Essa obra é conhecida entre os homeopatas como a “mais elevada concepção da filosofia médica”. Em seu 26º parágrafo (&26) Hahnemann afirmou que “uma afecção dinâmica mais fraca é permanentemente extinguida no organismo vivo por uma mais forte, se a última (enquanto diferindo em tipo) for similar à primeira em suas manifestações” DUDGEON, 2011, p.79). Alves (2008, p.13) traduz o parágrafo 26 da seguinte maneira: “E isto ocorre, porque uma influência dinâmica mais débil será aniquilada permanentemente num organismo vivo por uma outra mais forte, se esta última, conquanto diferindo da primeira em qualidade, é por outro lado muito semelhante nas suas manifestações”.
O fato é que para Hahnemann uma doença só será curada por um agente mais forte que a própria doença e somente se ambos tiverem a mesma origem.

Porém, já vimos anteriormente que para Hahnemann a origem das doenças físicas se encontra naquilo que ele chama de espírito, força vital, e que somente um remédio que possua a materialização do espírito, energização, pode curar a doença, como é o caso da Homeopatia.

Então, isso significa dizer que o remédio homeopático só irá curar uma doença que tenha origem espiritual e esta doença só poderá ser “curada” se tanto a doença quanto a cura tiverem a mesma fonte, a mesma origem.

Se isto não é espiritismo disfarçado de ciência é o quê?

Se isto não é ocultismo é o quê?

Dudgeon continua:
Mas, diz Hahnemann, não é a mera mistura completa o que efetua o processo homeopático – e aqui, ele estabelece a regra de que a escala centesimal, ou 1 para 100, deve ser a proporção a se observar entre medicamento e veículo -, mas, que, através da sucussão e da trituração empregadas é efetuada uma mudança na mistura, tão incrivelmente grande e tão inconcebivelmente curativa, que esse desenvolvimento do poder espiritual dos medicamentos em tal grau elevado, através da trituração e sucussão multiplicadas e contínuas de uma pequena porção de substância medicamentosa com quantidades crescentes de substância não medicamentosa seca ou líquida, merece, incontestavelmente, ser incluída entre as maiores descobertas da época. (Idem, p.285)
O que Hahnemann fez foi simplesmente buscar uma explicação científica para algo que é na verdade não é científico, mas religioso e filosófico, espírita e ocultista.

Agora, imagine alguém que dilui a substância de um medicamento em uma solução na proporção de 100/1 e espera que este medicamento seja mais forte e eficiente que a própria substância original. Isso é o mesmo que diluir uma substância em um oceano na medida de 100/1 e esperar que após determinado tempo o oceano seja vendido nas farmácias como um medicamento.

Mas, ainda assim têm tentado dar à Homeopatia a classificação de ciência.

Hahnemann chamou essa diminuição proporcional da substância ativa de “espiritualização real da propriedade dinâmica”, porque o “poder” espiritual do medicamento é liberado. Ainda, a matéria visível, palpável, não deve “ser levado em consideração”. E isto é ciência?

Vamos ver com mais clareza, e na íntegra a citação que Dudgeon faz de Hahnemann:
“As atenuações homeopáticas”, observa ele, “bem longe de serem diminuições do poder medicamentoso de um grão ou uma gota da droga crua, proporcionalmente com a extrema diminuição fracional tal como numericamente expressada, ao contrário, são um exaltação real do poder medicamentoso, uma espiritualização real da propriedade dinâmica – um verdadeiro e surpreendente debelar e vivificar do espírito medicamentoso”. Novamente, “através desses processos, o poder medicamentoso interno é libertado das suas amarraduras materiais, de modo que pode operar mais penetrante e livremente no organismo sadio” e “o receptáculo material dessas forças naturais, a matéria ponderal palpável, não deve ser levado em consideração”. (Idem, 285,286)
“O poder medicamentoso interno é libertado das suas amarraduras materiais”?

“Das suas amarraduras materiais”?

Estamos diante de uma sessão espírita clara e evidente e desejam configurar a Homeopatia como ciência?

A base desse pensamento hindu/homeopata se assemelha muito mais a filosofia hindu do filme Matrix do que a qualquer ciência séria que possa ser concebida.

Na Patogenesia de Thuja, a sua alquimia fica mais clara ainda, bem como a sua crença na transmutação das substância e a sua consequente espiritualização. Sobre isso Dudgeon comenta:
No prefácio à thuja, no 5º volume de Matéria Médica Pura, publicado em 1828, ele diz que as diluições altas desse medicamento, por exemplo, a 30ª, ou até a 60ª, se cada diluição for agitada dez ou mais vezes, longe de serem inferiores em força às diluições mais baixas, são, de fato, mais poderosas. Consequentemente, ele recomenda que cada diluição seja preparada, somente, com duas sucussões. Numa nota a esse prefácio, se atribui a si mesmo o mérito dessa descoberta do aumento do poder através da sucussão e trituração e diz que, através desses processos, a substância material toda da droga parece dissolver-se e ser transmutada em puro espírito medicamentoso. (Idem, p.286)
Vocês lembrarão que Hahnemann fala do efeito produzido pelos processos de sucussão e trituração como desmaterialização dos medicamentos, uma transmutação da substância medicamentosa material num espírito medicamentoso imaterial. Essa é uma idéia que Hahnemann gosta muito de reiterar (Idem, p.288,289)
Em resumo, a Homeopatia nada mais é que a unificação de alquimia, espiritismo e ocultismo para defender a possibilidade da existência de um “espírito medicamentoso imaterial”.

Em uma entrevista à revista espírita O Imortal, edição de agosto de 1987, o Dr. Javier Salvador Gamarra, mesmo tentando separar a ligação religiosa entre Homeopatia e espiritismo, afirmou:
A relação da Homeopatia com o Espiritismo é a da verdade. A 18 de abril de 1857 foi lançado “O Livro dos Espíritos”, mas Hahnemann já havia morrido a 2 de julho de 1843. Então, a relação é dada pelo laço da verdade. A Homeopatia nos ensina que no homem é o princípio vital o responsável pela manutenção da vida, no conceito homeopático, e assim é o responsável por toda a sintomatologia. É exatamente no princípio vital que se manifestam as doenças crônicas, ou seja, o dinamismo mórbido, porque o nosso dinamismo mórbido é dependente de uma relação e causa e efeito. Quando a nossa vontade induz a energia vital (princípio vital) a realizar um ato que é contrário ao que a lei determina, nós adoecemos. A lei é de maturação, de compreensão de Deus e da vida. Enquanto a alopatia vê o indivíduo do ponto de vista puramente clínico, nós, além disso, estudamos os sentimentos da alma, interessados em que o homem se melhore, evolua.
Ainda, Bopp (1984, p.3) declarou que “A influência ocultista da homeopatia é transmitida ao indivíduo, levando-o consciente ou inconscientemente a ficar sob influência demoníaca [...] É significativo que frequentemente se encontre a depressão nervosa nas famílias que usam tratamentos homeopáticos”.

Durante muito tempo o serviço de propaganda social do Espiritismo funcionou através do Serviço de Assistência aos Necessitados que consistia de médiuns espíritas que recitavam medicamentos, especialmente homeopáticos, aos seus “pacientes”. Essa prática era condenada pelo Código Penal Brasileiro desde 1890, que estabelecia como crime de charlatanismo a prática ilegal da medicina.

A partir de 1942 a Federação Espírita Brasileira (FEB) passa a reprovar a prática receitista, alegando ser “instrução dos espíritos”, muito embora ainda hoje os centros espíritas filiados FEB continuem recitando medicamentos homeopáticos. Isso é confirmado por Míkola (2012, p.189):
[...] servindo como grande propaganda ao espiritismo, o Serviço de Assistência aos Necessitados perdurou por longo período, perpassando o Código Penal, os médicos alopatas e os religiosos, sobretudo católicos que condenavam tal prática. Apenas a partir de 1942, “sob instrução dos espíritos”, que a prática receitista deixou de ser recomendada pela FEB, tanto que atualmente, os centros espíritas que realizam o receituário mediúnico, em sua maioria, não são filiados a Federação Espírita Brasileira, salvo estes últimos que realizam consultas homeopáticas gratuitas, porém mediante organização de médicos homeopatas encarnados, que realizam este trabalho em nome da caridade.
Por isso, a luta pelo reconhecimento da Homeopatia como ciência nada mais é que a tentativa da institucionalização do espiritismo e seu reconhecimento.

No século XX os homeopatas passam a buscar um reconhecimento científico, e com isso a Homeopatia – a partir deste momento – tem tentado aparentemente e teoricamente se desvincular de leigos e do espiritismo. Por essa razão é que hoje temos visto o ensino da Homeopatia nas universidades e a sua busca por tal desvinculação, o que teoricamente, conceitualmente, historicamente e na prática não é possível, a menos que a verdade dos fatos seja maquiada, disfarçada e mascarada, como de fato tem sido.

Por tudo isso, Grossinger (1980, p.162,163) afirmou que:
A homeopatia não é a primeira nem será a última tentativa para desenvolver uma medicina vitalizadora (ocultista). Os mágicos têm agido durante milênios no sentido de curar, baseados na força da vida, na energia primária da natureza. Goethe, Steiner, Jung e Reich a seguiram [...]. Ela [a homeopatia] persiste [hoje] como uma disciplina clínica ocultista.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, José Maria. ORGANON: Samuel Hahnemann. Resumo – Português. 2008. Disponível em: . Acesso em: 02 set 2013.
BOPP, H. J.
Homeopathy. Belfast: Great Joy Publications, 1984.
DUDGEON, Robert Ellis.
Lectures on the Theory and Practice of Homoeopathy. Manchester: Henry Turner; London: Aylott and Co., 1854.
DUDGEON, Robert Ellis.
Palestras sobre a Teoria e a Prática da Homeopatia. São Paulo: ICEH, 2011.
GROSSINGER, Richard Grossinger.
Planet Medicine: From Stone Age Shamanism to Post-Industrial Healing. Norwell: Anchor Press, 1980.
MÍKOLA, Nádia.
Uma “Medicina Espiritual?” Aproximações entre espiritismo e homeopatia – 1860-1910. 2012. 201 p. Dissertação (Mestre em História) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis – SC.

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