Já faz um tempo que o debate sobre Sensius Plenior (sentido
pleno, ou sentido mais profundo) vem ocorrendo. Gordon Fee chama de 2º sentido
e este só pode ser dado pelo próprio Deus, pois Ele é o autor da Bíblia e por
isso apenas os autores inspirados o podem fazer como foi o caso de Paulo em
Gálatas ao se referir a Sara e Hagar em comparação com a Graça e a Lei.
O Sensus Plenior foi um ensino criado no catolicismo do
século XX e não existia do século I ao século XIX. A ideia de Sensus Plenior
não afirma tão somente que o autor tinha o entendimento do significado completo
de sua escrita, mas que há a possibilidade de uma passagem do Antigo Testamento
ter mais de um significado e que era conscientemente entendido pelo autor.
Por isso, a ideia de Sensus Plenior, apesar de defendida por
autores evangélicos conceituados, não possui base bíblica, e sua origem é
questionável por ter sido desenvolvida com o intuito de conduzir o público ao
pensamento de que o magistério católico pode atribuir outro significado a
passagem por ser, hipoteticamente, inspirado por Deus, a exemplo da
autoalegação do papa que se denomina o sucessor de Pedro, o líder da igreja, e
infalível intérprete da Escritura.
Por tudo isso, a ideia de Sensus Plenior, na verdade, é uma
tentativa de distorcer o significado do texto bíblico, expresso em sua escrita.
A tentativa de se descobrir qual a intenção do autor ao escrever determinado
texto, na verdade é uma tentativa de se ignorar o que o texto bíblico realmente
diz. Por isso, o Sensus Plenior é apenas um pretexto hermenêutico para se
distorcer o significado da Escritura. O Sensus Plneior ignora a história e a gramática
do texto para discutir qual a intenção do autor ao escrever tal passagem.
O sentido do texto bíblico é exatamente aquele que é
expresso em sua escrita, e que é revelado por meio da ação do Espírito Santo e
de uma interpretação histórico-gramatical.
Alguns livros recomendados que tratam do assunto são:
OSBORNE, Grant. A Espiral hermenêutica. São Paulo: Vida
Nova, 2009. p. 418-420
VANHOOZER, Kevin. Há um significado nesse texto? São
Paulo: Vida, 2005. p.322-325
KAISER, Wlater C.; SILVA, Moisés.
Introdução à hermenêutica Bíblica.
São Paulo: Cultura Cristã, 2009. p.198-19 e 237-238
ZUCK, Roy. A interpretação Bíblica. São Paulo:
Vida Nova, 1994. p.315-321
ANGLADA, Paulo. Introdução à Hermenêutica Reformada. Belém:
Knox Publicações, 2006. p.132-136
VIRKLER, Henry A. Hermenêutica avançada. São Paulo: Vida,
2001. p.17-18
FEE, Gordon. Entendes o que lês? São Paulo: Vida
Nova, 2008. p.241-244