terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Valnice Milhomens: A "apóstola" judaizante (Parte 1)


Uma abordagem sobre os ensinos e crenças de Valnice Milhomens
(PARTE 1)

No dia 15 de junho de 2008 Valnice Milhomens esteve na cidade de Campina Grande e concedeu uma entrevista ao professor e pesquisador Robson T. Fernandes.
A entrevista está sendo disponibilizada, por perguntas, com os comentários apologéticos.

ENTREVISTA (PERGUNTA 1)

RTF
Com relação a visão dos Doze. O que você poderia falar sobre este assunto?

VM
A visão dos doze é simplesmente uma estratégia de discipulado. Aliás, a base é a célula, um grupo pequeno. Nós entendemos que a igreja primitiva desenvolveu-se através de grupos pequenos. Eu fiz, inclusive, uma tese recente para um doutorado, e fiz uma pesquisa na Bíblia e na história, e a minha convicção é de que para formar o caráter dos discípulos, na nossa proposta de discipulado, discipulando de perto, só através de grupos pequenos, para um cuidado especial. Onde entra aí grupos de doze? Existem muitas estratégias de células, o grupo de doze é um das estratégias. O que significa? Que você quando abre uma célula, tem uma meta de tirar desta célula, fazer gerar desta célula, doze discípulos. Por que doze? Poderiam ser cinco, poderiam ser dez, não é nada místico nisso. Simplesmente porque levando em consideração que Jesus Cristo trouxe para perto de si doze, entendemos que é o máximo de pessoas que se pode cuidar de uma forma mais pessoal. Então a estratégia é uma meta que você cuide bem de doze e que ensine os doze a cuidar de doze. E usando esta estratégia cremos que poderemos aplicar 2Tm 2:2: “o que de mim ouviste, entre muitas testemunhas, confia a pessoas que sejam capazes, idôneas, que façam o mesmo de geração em geração”. E cremos que é um método que pode nos ajudar a alcançar a nossa geração. Não achando que é o único método, mas é uma estratégia.

COMENTÁRIO APOLOGÉTICO 1

Ao afirmar que “existem muitas estratégias de células, o grupo de doze é um das estratégias”, e que “não é nada místico nisso”, Valnice Milhomens entra em contradição, ou procura maquear o verdadeiro sentido do G-12.
“Podemos notar que o número doze, nas Escrituras, é o número de autoridade e governo... O dia tem 24 horas, que são dois tempos de doze. Cada ano tem doze meses. O relógio não pode ser de 11 ou de 13 horas. Deve ser de doze horas, para que possamos administrar o tempo. Não foi um capricho de Jesus escolher doze homens. Ele sabia que estava ali a plenitude do ministério. Os fundamentos requeriam doze apóstolos.” [1]
Para quem adota a visão celular no modelo dos 12, não se vê tal atitude como uma simples estratégia. Isso é uma inverdade.

A própria Valnice afirmou o seguinte:
“Tendo a convicção de que o modelo de Bogotá era a base para o modelo que Deus tem para nós, temos retornado às convenções para beber da fonte. Cremos que Deus deu ao Pr. César Castellanos o modelo dos doze que há de revolucionar a igreja do próximo milênio, pelo que o abraçamos inteiramente, colocando-nos sob sua cobertura espiritual dentro dessa visão revolucionária, fundada na Palavra de Deus. Tendo sido ungida como um de seus doze internacionais, estamos, como igreja, comprometidos em viver essa visão.” [2]
O movimento do G12 é considerado por aqueles que o adotam como “o modelo que Deus tem pra nós”, e que não é uma simples estratégia, mas o modelo que “há de revolucionar a igreja no próximo milênio”.

Nessa proposta, o menor dos problemas para quem adota o G12 é a exacerbada preocupação com números. A começar pela ênfase no número 12 e a continuar pela exagerada preocupação em fazer a igreja ser grande em número de membros.

É importante destacar que adotar um trabalho com pequenos grupos, grupos familiares ou ainda “células”, se assim desejar chamar, não é antibíblico.
Segundo o pastor Valberto Cruz [3]:
“Na verdade, os pequenos grupos já se faziam presentes nos relatos bíblicos, tanto no Antigo Testamento como no Novo. Um dos relatos veterotestamentários mais aludidos sobre a utilização de grupo pequeno refere-se à instrução de Jetro a Moisés, seu genro, para dividir o povo de Israel em grupos, liderados por homens capazes que pudessem supervisiona-los”
A questão aqui discutida não envolve a nomenclatura utilizada nem diz respeito a existência de um grupo pequeno que realiza cultos nos lares. A questão centraliza-se em dois pontos: 1. Afirmar que este é “o” modelo de Deus; 2. As práticas e ensinos utilizados pelo G12.

Para confirmar a existência desse orgulho exclusivista, podemos citar o que César Castellanos, fundador desse modelo, afirmou:
“A frutificação neste milênio será tão incalculável, que a colheita só poderá ser alcançada por aquelas igrejas que tenham entrado na visão celular. Não há alternativa: a igreja celular é a igreja do século XXI”. [4]
É verdade quando Valnice Milhomens diz que “é um método que pode nos ajudar a alcançar a nossa geração. Não achando que é o único método, mas é uma estratégia”. Mas, não é verdade afirmar que aqueles que adotam tal modelo pensam assim. A exemplo do próprio fundador, quem adere ao G12 afirma sim que não há outra alternativa para a igreja a não ser adotar o modelo celular.

Por último, de acordo com Paulo Romeiro [5], o modelo do G12 traz consigo muitas práticas não bíblicas, como: quebra de maldições hereditárias, cura interior, mapeamento espiritual, escrever os pecados em pedaços de papel e queimá-los na fogueira, revelações extrabíblicas etc.
“Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo”
Colossenses 2:8

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] MILHOMENS, Valnice. Plano Estratégico para Redenção da NaçãoSão Paulo: Palavra da Fé Produções, 1999, p. 107.

[2] MILHOMENS, Valnice. Plano Estratégico para Redenção da NaçãoSão Paulo: Palavra da Fé Produções, 1999, p. 12

[3] CRUZ, Valberto & RAMOS, Fabiana. Pequenos Grupos. Viçosa: Editora Ultimato, 2007. p. 32

[4] CASTELLANOS, César. Sonha e Ganharás o Mundo. São Paulo: Palavra da Fé Produções, 1999. p. 143.

[5] ROMEIRO, Paulo. Evangélicos em Crise. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1999.

Pr. Robson T. Fernandes

CONTINUA...