quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Valnice Milhomens: A "apóstola" judaizante (Parte 2)


Uma abordagem sobre os ensinos e crenças de Valnice Milhomens
(PARTE 2)

No dia 15 de junho de 2008 Valnice Milhomens esteve na cidade de Campina Grande e concedeu uma entrevista ao professor e pesquisador Robson T. Fernandes.
A entrevista está sendo disponibilizada, por perguntas, com os comentários apologéticos.

ENTREVISTA (PERGUNTA 2)

RTF
Qual a sua posição, sua opinião, com relação a existência de apóstolos na atualidade?

VM
Creio que os ministérios que o Espírito Santo estabeleceu na Igreja são vigentes em toda a história da Igreja. “Ao único apóstolo de Deus Pai, Jesus Cristo”, apóstolo significa enviado, o cordeiro enviou doze, e o Espírito Santo, desde que a igreja foi estabelecida, não cessou de levantar apóstolos. Os apóstolos do Espírito Santo como está bem estabelecido em Efésios 4, que Deus estabelece apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. Não apenas apóstolos, mas todos os ministérios. O que ocorreu na história da igreja? Com o casamento da Igreja com Roma, na época de Constantino, a Igreja foi perdendo a unção e o poder do Espírito e, inclusive, os próprios ministérios, e os trocou por outros. Por séculos não havia apóstolos, nem profetas, nem evangelistas, nem pastores, nem mestres. Com a reforma protestante nós vimos uma restauração. Primeiro, pastores como ofício foram restaurados, eu digo como ofício, por quê? Porque a unção nunca deixou de existir. Mas a igreja organizada como ofício não o reconhecia. Então, todos eram pastores. Quando chegou o movimento pentecostal, os evangelistas foram restaurados como ofício. Na década de 60, quando rebentou todo o movimento de renovação espiritual no mundo, mestres foram reconhecidos como ofício. Na década de 80, o ofício de profeta voltou a ser reconhecido. Na década de 90, os apóstolos. O que nós vemos? Que paulatinamente o próprio Espírito Santo foi restaurando os ofícios, embora, repito, a unção sempre estivesse presente.

COMENTÁRIO APOLOGÉTICO 2

“...e que não pode suportar os maus; e puseste à prova os que se dizem apóstolos e o não são e tu os achaste mentirosos”
Ap 2:2

O texto bíblico de Efésios 4:11 nos diz: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores”.

É preciso entender quais são as qualificações bíblicas para ser apóstolo, e só depois podemos afirmar a possibilidade ou impossibilidade de existirem apóstolos nos dias atuais.

Em primeiro lugar, para ser apóstolo tinha que ser testemunha ocular do ministério de Cristo (At 1:21,22)

“É necessário, pois, que, dos homens que conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós, começando desde o batismo de João até ao dia em que de entre nós foi recebido em cima, um deles se faça conosco testemunha da sua ressurreição”
Atos 1:21-22

Em segundo lugar, para ser apóstolo tinha que ser testemunha ocular da ressurreição de Cristo (At 1:21,22; At 23:11; 1 Co 15:7,8).

“É necessário, pois, que, dos homens que conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós, começando desde o batismo de João até ao dia em que de entre nós foi recebido em cima, um deles se faça conosco testemunha da sua ressurreição”
Atos 1:21-22

“E na noite seguinte, apresentando-se-lhe o Senhor, disse: Paulo, tem ânimo; porque, como de mim testificaste em Jerusalém, assim importa que testifiques também em Roma”
Atos 23:11

“Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos. E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo”
1 Coríntios 15:7-8

Em terceiro lugar, para ser apóstolo tinha que ser chamado pessoalmente por Cristo (Mt 10:1-4; Lc 10:1-9; At 9:3-5; At 18:9; At 20:24).

“E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem, e para curarem toda a enfermidade e todo o mal.  Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: O primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão;  Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Lebeu, apelidado Tadeu;  Simão o Zelote, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu”
Mateus 10:1-4

“E depois disto designou o Senhor ainda outros setenta, e mandou-os adiante da sua face, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir... E curai os enfermos que nela houver, e dizei-lhes: É chegado a vós o reino de Deus”
Lucas 10:1,9

“indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões”
Atos 9:3-5

“E disse o Senhor em visão a Paulo: Não temas, mas fala, e não te cales”
Atos 18:9

“Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus”
Atos 20:24

Em quarto lugar, se o apostolado fosse um ministério para os dias atuais, as cartas de I e II Timóteo, que tratam do ministério trariam orientações para o ministério apostólico, assim como o fazem para anciãos, que são os presbíteros, bispos, pastores e diáconos. Mas nem sequer existe uma única orientação para o apostolado, provando assim que tal ministério não é para a atualidade.

Valnice afirma que:
“Na década de 60, quando rebentou todo o movimento de renovação espiritual no mundo, mestres foram reconhecidos como ofício.”
Ao fazer tal afirmação demonstra desconhecer a verdade dos fatos, ou conhecer e maquiar a verdade, pois o ofício de mestres sempre foi reconhecido pela igreja cristã. Por exemplo, na segunda metade do século II, ao defrontar-se com os ataques do gnosticismo e do código de Marcion, homens como Irineu de Leão, Clemente de Alexandria, Tertuliano de Cartago e Orígenes destacaram-se como mestres na igreja e defensores da fé.

Vejamos mais alguns exemplos no decorrer dos séculos:

100 – 165 a.D., Justino ensinou a união entre Filosofia Grega e Cristianismo.

155 – 220 a.D., Tertuliano elaborou o estudo dos primeiros séculos do cristianismo.

185 – 254 a.D., Orígenes realiza a aplicação da Filosofia à Teologia.

150 – 215 a.D., Clemente de Alexandria, apologista, escreveu: Protreptikos – chamando os gregos à Cristo; Paedagogos – um retrato de Cristo como tutor; Stromata – relacionamento entre fé e filosofia; Qual o rico que é salvo? – exposição de Mt 10.

330 – 389 a.D., Gregório Nazianzo destacou-se como defensor da ortodoxia cristã e defensor da Trindade.

347 – 407 a.D., João Crisóstomo apresenta uma exposição bíblica com mais clareza e lutou contra a corrupção e lassidão.

354 – 430 a.D., Agostinho de Hipona apresenta uma sistematização da doutrina cristã enfocando o neoplatonismo.

673 – 735 a.D., Beda apresenta grandes comentários de textos bíblicos.

1266 – 1308 a.D., João Duns Scoto que defendeu que a fé era mais um processo da vontade do que um baseado em provas lógicas.

1033 – 1109 a.D., Anselmo que apresenta-se como defensor da prova antológica da existência de Deus.

1225 – 1274 a.D., Tomás de Aquino que escreveu cerca de 98 obras, sobre: fé e razão, epistemologia, metafísica, Deus, analogia, criação, homem, ética.

1220 – 1292 a.D., Roger Bacon que tornou-se o defensor da investigação científica como base para o conhecimento.



Pr. Robson T. Fernandes

CONTINUA...