quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Valnice Milhomens: A "apóstola" judaizante (Parte 3)


Uma abordagem sobre os ensinos e crenças de Valnice Milhomens
(PARTE 3)

No dia 15 de junho de 2008 Valnice Milhomens esteve na cidade de Campina Grande e concedeu uma entrevista ao professor e pesquisador Robson T. Fernandes.
A entrevista está sendo disponibilizada, por perguntas, com os comentários apologéticos.

ENTREVISTA (PERGUNTA 3)

RTF
O que você poderia dizer acerca das festas judaicas que nós vemos sendo adotadas por algumas igrejas evangélicas, como é o caso da INSEJEC que comemora a festa dos tabernáculos, do pentecostes e outras mais?

VM
Nós temos na Bíblia as festas de Iavé. Festas do Senhor, e não festas do judaísmo. Uma coisa curiosa é notar que as festas são como que dramas, representações, sombras do que aconteceria em Jesus. Portanto, elas têm um caráter didático. E se olhamos para Jesus e para os atos redentivos, todos os acontecimentos importantes foram em uma das festas do Senhor. Por exemplo: o nascimento de Jesus. Não temos explicitamente, nem nessa entrevista há espaço para eu provar por “a” mais “b”, que Jesus nasceu na festa dos tabernáculos: “e o verbo se fez carne”, e a palavra no original é: “e tabernaculou entre os homens”; morada temporária. Jesus foi oferecido como a nossa páscoa, como o cordeiro pascal, na festa da Páscoa. O Espírito Santo desceu em Pentecostes, que é a festa da colheita; os primeiros frutos foram colhidos. E eu tenho a certeza que Jesus voltará na festa das Trombetas; tocam-se as trombetas. Então, existe algo nessa natureza. O que ocorreu com o casamento da igreja com o Estado? Agora eu volto a Roma. Como o cristianismo veio para o mundo gentílico e não havia uma experiência com as festas bíblicas, mas existiam muitas festa pagãs, estas festas foram transformadas. Certas festas existentes foram convertidas e foram acrescentados costumes, inclusive pagãos, dentro destas festas. Agora, se nós começamos a olhar para a Bíblia, qual o sentido, por exemplo, que tem para nós o Natal no dia 25 de dezembro, que era uma festa pagã com pinheiros e velas? Nada! Que temos haver com páscoa de coelhinhos e tudo isso? Nós, evidentemente, como muitas igrejas do mundo inteiro, é o mover, é o mover de milhares e milhares de denominações em todo o mundo que se voltaram para as festas do Senhor, ao invés de adotar as festas pagãs. Não como os judeus comemoram hoje, mas pegando o sentido que elas têm, e aplicando a Jesus. Por exemplo, a festa de Pentecoste: vamos lembrar que o Espírito veio e vamos celebrar a colheita. Então, nós usamos as festas com um caráter didático e de celebração, e inclusive muitos judeus através das festas têm reconhecido que verdadeiramente o que eles praticam apontam para Jesus.

COMENTÁRIO APOLOGÉTICO 3

“Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos... Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós, que não haja trabalhado em vão para convosco.”
Gálatas 4:4,5,9,10,11

Nós precisamos destacar algumas afirmações feitas por Valnice Milhomens e comentá-las, para podermos entender a realidade dos fatos.

Em primeiro lugar, ela disse:
“Nós temos na Bíblia as festas de Iavé. Festas do Senhor, e não festas do judaísmo.”
A afirmação de que não existem festas do judaísmo na Bíblia é uma fuga para se defender a prática de tais festas, como se estas fossem ordenanças de Deus para a Igreja. Todavia, existem sim as festas do Senhor e as festas do judaísmo na Bíblia. É só ler com atenção e iremos observar isso.

As festas do Senhor são sete, e são:

Festas da primavera
1. Páscoa [Ex 12; Lv 23:5] (Festa de libertação de Israel no Egito)
2. Primícias [Lv 23:9-14] (Festa de gratidão pela colheita)
3. Pães Asmos [Lv 23:6-8] (Comemora a forma como Deus tirou Israel do Egito)
4. Pentecostes [Lv 23:15-22] (Celebração da colheita)

Festas do Outono
5. Trombetas [Lv 23:23-25] (o significado da festa é misterioso)
6. Dia da Expiação [Lv 23:26-32; Lv 16:1-34] (único dia anual em que o sacerdote entrava no santo dos santos)
7. Tabernáculos [Lv 23:33-43] (Comemora a colheita, conclusão do trabalho e salvação)

As festas do judaísmo são:
1. Purim [Et 9:21-22] (comemora a salvação dos judeus durante o antigo império persa)
2. Hanucah [Jo 10:22] (comemora a reinauguração do templo em 165 a.C.)

Sendo festas do Senhor ou Festas do judaísmo, elas são direcionadas por Deus para Israel e não para a Igreja.

“Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: As solenidades do Senhor, que convocareis, serão santas convocações; estas são as minhas solenidades”

Vejamos alguns textos bíblicos que falam sobre essas festas, comemorações, dias... e sua relação com Israel, e não com a Igreja:

“Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações por aliança perpétua” (Ex 31:16)

“Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família... E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao Senhor; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo” (Ex 12:3,14)

“Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando houverdes entrado na terra, que vos hei de dar, e fizerdes a sua colheita, então trareis um molho das primícias da vossa sega ao sacerdote” (Lv 23:10)

“Todas as ofertas alçadas das coisas santas, que os filhos de Israel oferecerem ao Senhor, tenho dado a ti, e a teus filhos e a tuas filhas contigo, por estatuto perpétuo; aliança perpétua de sal perante o Senhor é, para ti e para a tua descendência contigo” (Nm 18:19)

“Eis que estou para edificar uma casa ao nome do Senhor meu Deus, para lhe consagrar, para queimar perante ele incenso aromático, e para a apresentação contínua do pão da proposição, para os holocaustos da manhã e da tarde, nos sábados e nas luas novas, e nas festividades do Senhor nosso Deus; o que é obrigação perpétua de Israel” (2Cr 2:4)

“Guardai pois a festa dos pães ázimos, porque naquele mesmo dia tirei vossos exércitos da terra do Egito; pelo que guardareis a este dia nas vossas gerações por estatuto perpétuo” (Ex 12:17)

“Na tenda da congregação, fora do véu que está diante do testemunho, Arão e seus filhos as porão em ordem, desde a tarde até a manhã, perante o Senhor; isto será um estatuto perpétuo para os filhos de Israel, pelas suas gerações” (Ex 27:21)

“E celebrareis esta festa ao Senhor por sete dias cada ano; estatuto perpétuo é pelas vossas gerações; no mês sétimo a celebrareis” (Lv 23:41)

“E os filhos de Arão, sacerdotes, tocarão as trombetas; e a vós serão por estatuto perpétuo nas vossas gerações” (Nm 10:8)

“Todas as ofertas alçadas das coisas santas, que os filhos de Israel oferecerem ao Senhor, tenho dado a ti, e a teus filhos e a tuas filhas contigo, por estatuto perpétuo; aliança perpétua de sal perante o Senhor é, para ti e para a tua descendência contigo” (Nm 18:19)

Em segundo lugar, Valnice Milhomens disse:
“todos os acontecimentos importantes foram em uma das festas do Senhor”.
Isso não é verdade!

No texto de levítico 23 encontramos a ordenança de Deus para a comemoração de algumas festas, e estas seriam comemoradas porque algo teria ocorrido. Não é correto afirmar que “todos os acontecimentos importantes foram em uma das festas do Senhor”. 

Vejamos alguns exemplos bíblicos que denunciam tal erro cometido pela Sra. Valnice:

1. Quando Israel foi liberto do Egito não havia as festas da Páscoa, Pães Asmos e nem Tabernáculos, mas essas festas foram estabelecidas para lembrar esse evento;

2. Quando Mordecai foi livre junto com os judeus, das mãos de Hamã, não havia a festa do Purim, mas esta foi estabelecida depois para lembrar tal feito.

A verdade é que em diversas ocasiões Deus mandou Israel comemorar festas para lembrar dos Seus feitos e não que esses feitos tenham necessariamente acontecido durante essas festas. Todos os acontecimentos importantes não aconteceram durante festas do Senhor, mas as festas foram instituídas para lembrarem esses acontecimentos. Aqui nós encontramos uma inversão dos fatos para se tentar dar respaldo a uma prática heterodoxa e anti-bíblica no contexto neotestamentário.

Posteriormente, após a instituição de tais festas, alguns eventos ocorreram durante as festas judaicas, mas tentar transformar isso em uma regra generalizando-a, de forma que todos os acontecimentos sejam manipulados a se encaixarem durante tais festas é no mínimo uma deliberada distorção bíblica.

Em terceiro lugar, a Sra. Valnice afirma:
“Jesus nasceu na festa dos tabernáculos”
A festa dos Tabernáculos (Succoth) é realizada no mês de Tishri (Ethanin) que é o sétimo mês do calendário judaico (lunar), que corresponde ao nosso mês de Setembro (calendário solar).

Ao afirmar que Jesus nasceu durante a Festa dos Tabernáculos está se fazendo uma especulação com cara de fato histórico, ainda mais quando se afirma que eu posso “provar por “a” mais “b”, que Jesus nasceu na festa dos tabernáculos”.

A verdade é que todos sabemos que Cristo não nasceu no mês de dezembro e que, de fato, isso foi uma adaptação de uma festa pagã para o cristianismo. Mas também não se pode afirmar com certeza o período em que o fato ocorreu.

De acordo com as informações de que dispomos podemos apenas deduzir, ou imaginar que Jesus deve ter nascido no mês de Abib (Nissan), que é o primeiro mês do calendário judaico, e que corresponde aos meses de março e abril de nosso calendário.

A Bíblia nos afirma que os pastores estavam no campo (Lc 2:8). O mês de dezembro é um mês de extremo frio na região de Israel, e os campos ficam improdutivos nesse período. Se a Bíblia diz que os pastores estavam nos campos é porque era um período em que os campos estavam produtivos. No texto Bíblico de Esdras 10:9,13 encontramos a descrição que no período de chuvas seria impossível que os pastores ficassem com os rebanhos a noite nos campos, como a Bíblia diz que foi na época do nascimento de Cristo.
A Bíblia afirma que Maria viajou grávida, de Nazaré até Belém, percorrendo uma distância de aproximadamente 112,5 quilômetros, o que seria impossível de se fazer durante o período de chuvas.

A Bíblia nos diz que foi convocado um recenseamento naquela época (Lc 2:1). É difícil acreditar que um recenseamento tenha sido ordenado em uma época de chuvas e frio, o que iria quase que impossibilitar o trabalho.
“Era um antigo costume dos judeus daqueles tempos levar seus rebanhos aos campos e desertos nas proximidades da Páscoa (em princípios da primavera) e traze-los de volta para casa ao começarem as primeiras chuvas” (Adam Clark Commentary. Vol. 5, pág 370)
Era costume entre os judeus levar os rebanhos para os campos na época próxima a Páscoa, e a Páscoa era, e é, comemorada no mês de Abib (Nissan), o que corresponde ao nosso mês de março e abril.

Portanto, as evidências apontam para o nascimento de Cristo entre os meses de março e abril, por ocasião da Páscoa, e não da festa dos tabernáculos como afirma com toda a certeza a Sra. Valnice Milhomens.

Em quarto lugar, a Sra. Valnice afirma:
“E eu tenho a certeza que Jesus voltará na festa das Trombetas”
Essa é uma característica que vem marcando e acompanhando o ministério da referida Sra.: a prática de marcar a data da vinda de Cristo.

Todavia, com relação a esse assunto, estaremos discorrendo na última parte dessa entrevista e no último comentário apologético, no COMENTÁRIO APOLOGÉTICO 5.

Esperemos mais um pouco até lá.

Em quinto e último lugar, a Sra. Valnice disse o seguinte:
“Então, nós usamos as festas com um caráter didático e de celebração”
Se verdadeiramente tais festas fossem realizadas nas igrejas apenas com o intuito de ensinar o que a Bíblia demonstrava no Antigo Testamento, eu não veria problema nisso. Todavia, a questão por “detrás dos panos” não é essa, porque essas festas passaram a fazer parte do calendário de tais igrejas e são comemoradas anualmente por tais igrejas judaizantes, assim como o são para Israel, bem como a adoção de todas as práticas judaizantes, a exemplo da guarda do sábado, como veremos no COMENTÁRIO APOLOGÉTICO 4.

É preciso entender que tais festas foram dadas a Israel e não para a Igreja.

É preciso entender que a Igreja não é Israel.

É preciso entender que se uma igreja fizesse tal ato com caráter didático esporadicamente, não haveria problema, mas fazer sua observação anualmente com a insinuação de que isto é uma ordenança do Senhor é distorcer completamente o sentido das próprias festas e ignorar a enorme diferença entre o Israel físico e a Igreja (Israel espiritual).

Vejamos algumas diferenças básicas entre Israel e a Igreja:

1) A extensão da revelação bíblica:
Israel - quase quatro quintos da Bíblia
Igreja - cerca de um quinto.

2) O propósito divino:
Israel - todas as promessas terrestres nas alianças;
Igreja - as promessas celestiais no evangelho. 

3) A descendência de Abraão:
Israel - a descendência física, dos quais alguns se tornam descendentes espirituais;
Igreja - descendência espiritual.

4) O nascimento:
Israel - nascimento físico, que produz um relacionamento;
Igreja - nascimento espiritual que traz um relacionamento.

5) Cabeça:
Israel - Abraão;
Igreja - Cristo.

6) Alianças:
Israel - a de Abraão e todas as alianças seguintes;
Igreja - indiretamente relacionada com a aliança abraâmica e a nova aliança.

7) Nacionalidade:
Israel - uma nação;
Igreja - de todas as nações.

8) Trato divino:
Israel - nacional e individual;
Igreja - apenas individual.

9) Dispensação:
Israel - visto em todos os tempos desde Abraão;
Igreja - vista apenas no presente. 

10) Ministério:
Israel - sem atividade missionária e sem evangelho para pregar;
Igreja - uma comissão a cumprir. 

11) A morte de Cristo:
Israel - nacionalmente culpado; ainda será salvo por meio dela;
Igreja - perfeitamente salva por ela agora. 

12) O Pai:
Israel - por meio de um relacionamento especial, Deus era o Pai da nação;
Igreja - somos relacionados individualmente a Deus como Pai.

13) Cristo:
Israel - Messias, Emanuel, Rei;
Igreja - Salvador, Senhor, Noivo, Cabeça.

14) O Espírito Santo:
Israel - veio sobre uns temporariamente;
Igreja - habita em todos.

15) Princípio governante:
Israel - o sistema da lei mosaica;
Igreja - o sistema da graça.

16) Capacitação divina:
Israel - nenhuma;
Igreja - habitação do Espírito Santo. 

17) Dois discursos de despedida:
Israel - discurso no monte das Oliveiras;
Igreja - discurso no cenáculo.

18) A promessa da volta de Cristo:
Israel - em poder e glória para julgamento;
Igreja - para nos receber para Si mesmo.

19) Posição:
Israel - um servo;
Igreja - membros da família.

20) O reino de Cristo na terra:
Israel - súditos;
Igreja - co-herdeiros.

21) Sacerdócio:
Israel - tinha um sacerdócio;
Igreja - é um sacerdócio.

22) Casamento:
Israel - esposa infiel;
Igreja - noiva.

23) Julgamentos:
Israel - deve enfrentar julgamento;
Igreja - livre de todos os julgamentos.

24) Posições na eternidade:
Israel - espíritos de homens justos aperfeiçoados na nova terra;
Igreja - igreja dos primogênitos nos novos céus.

Diante de tais fatos podemos continuar com a opinião de que os ensinos da Sra. Valnice Milhomens são incompatíveis com a Sagrada Escritura, pelo menos no que diz respeito a esse assunto.



Pr. Robson T. Fernandes

CONTINUA...