sexta-feira, 7 de março de 2014

DESDE A ETERNIDADE O SENHOR MEU DEUS É O MEU SANTO


Uma resposta ao sofrimento do Povo de Deus e a esperança de sua revivificação

Pr. Robson T. Fernandes

INTRODUÇÃO

O livro de Habacuque é a oração do profeta, escrito por volta de 607 aC, clamando ao Senhor por uma resposta acerca do sofrimento do povo de Deus (Hc 1:1-4). Então, o Senhor lhe responde e explica as razões do que estava acontecendo e qual o propósito Divino para tais fatos.

O livro foi escrito na época do rei Jeoaquim e pouco antes da Babilônia levar Judá para o cativeiro. Habacuque faz duas perguntas à Deus: 1) Porque o Senhor permitia que o mal crescesse impunemente no meio de Seu povo?; 2) Como Deus podia permitir que os caldeus, um povo pior que os hebreus, fossem usados pelo Senhor para lhes castigar?

Deus dá as seguintes repostas à essas perguntas: 1) Permitir que o povo realizasse o desejo de seu próprio coração era sinal de juízo, e este povo seria punido pelos caldeus; 2) O Senhor trabalharia no coração do povo para lhes produzir arrependimento e depois os caldeus seriam punidos por seus pecados também.

O livro leva seu leitor à uma jornada que vai da dúvida à adoração, especialmente quando contrastamos os capítulos 1:1-4 e 3:17-19.

Habacuque está oprimido (1:1-4), especialmente porque só pensa na iniquidade e violência do povo, que Deus se retirou, que as mãos do Senhor não se manifestam e que não pode ser encontrado, que a Sagrada Escritura foi esquecida, que os homens estão sem direção e que estão sem o controle de Deus.

O livro apresenta um cenário caótico no meio do povo de Deus, em que reina a iniquidade, maltrato, destruição, violência, contenda, litígio (disputa judicial), frouxidão da lei, sentenças que nunca saem, perseguição contra o justo e juízo pervertido. Porém, a perspectiva do profeta muda quando ele começa a entender que Deus está no controle de todas as coisas (3:17-19). Daí em diante, tudo mudou para ele e não anda mais ansioso, não é mais controlado pelas circunstâncias, questões temporais não têm mais espaço, os seus pensamentos estão nas coisas do alto, não é mais regido por considerações mundanas, passa a fixar sua esperança em Deus, e ainda percebe que o Senhor está interessado na criação, que Ele é a fonte da alegria e força do profeta e que foi feito para algo superior.

Dessa forma, Habacuque foi da queixa à confiança, da dúvida à segurança, do homem à Deus, dos vales aos montes altos.

DESTAQUES DO LIVRO (Habacuque 1:1 – 2:1)

Hc 1:2

O profeta clama e pensa que não é escutado. Busca a Deus por causa da violência e não enxerga salvação. Isso aflige seu coração e ele pergunta ao Senhor até quando isso vai durar.

Semelhantemente, nós clamamos hoje e pensamos que Deus não está ouvindo, que não está interessado, que não se preocupa conosco. Mas o fato é que os pensamentos de Deus são maiores que os nossos e nenhum de Seus planos pode ser frustrado. Então, Deus tem planos e sabe muito bem como executá-los. O silêncio de Deus faz parte do tratamento que nos ensina a confiar, a esperar e a acreditar.

Hc 1:3

O profeta vê a iniquidade e opressão, a destruição e a violência, as contendas e processos judiciais. Mas, como alguém pode sentir o peso do pecado nessas coisas se não tiver o entendimento da Palavra de Deus? Aquele que não tem o temor do Senhor, que não conhece os Seus caminhos e que não se deleita na Sagrada Escritura não consegue discernir entre a vontade de Deus e a vontade do homem.

Semelhantemente, nós nos afligimos com aquilo que o mundo tem oferecido:
  • Iniquidade: Planejamento e a expressão, manifestação, de uma decepção, que causa sofrimento como consequência.
  • Opressão: Palavras e ações que produzem engano.
  • Destruição: Devastação, desolação.
  • Violência: Crueldade. Termo jurídico para extrema impiedade. Esta foi uma das causas do dilúvio.
  • Contendas: Disputa e hostilidade motivada por egoísmo, orgulho e má vontade.
  • Processos judiciais: Luta física entre duas pessoas ou entre grupos. Lutar, combater, tramar contra.

Isso nos aflige porque conhecemos a Palavra de Deus. Mas, para aqueles que nem conhecem a Escritura e nem o Deus da Escritura, essas coisas parecem normais, aceitáveis e estão relacionadas ao processo de suas vidas naturais.

Nós clamamos a Deus porque essas coisas nos afligem, nos assolam e muitas vezes pensamos que estamos abandonados e jogados no quarto escuro do esquecimento divino. Isso não é verdade.

Hc 1:4

Por causa desse tipo de comportamento o profeta afirma que:
  • “a lei afrouxa”: a lei perde força.
  • “a justiça nunca se manifesta”: a injustiça e o descaso dominam. A verdade é desviada.
  • “o perverso persegue o justo”: o que foi justificado é perseguido por quem não foi.
  • “justiça é torcida”: a justiça de Deus é esquecida, manipulada e modificada.

Hb 1:5

Deus responde o profeta, afirmando que a situação ainda ficaria pior. O que iria acontecer seria motivo para que as pessoas ficassem maravilhadas e desvanecidas. Ou seja, as pessoas ficariam “admiradas” (maravilhados), porque o povo seria “desfeito” (desvanecido).

Deus realizaria uma obra maravilhosamente grande nos dias daquele povo. Tão grande que quando fosse contada nas gerações futuras muitos teriam dificuldade de acreditar que Deus havia feito isto.

Esta obra grandiosa não seria agradável, mas seria benéfica. Essa obra seria usar os caldeus como instrumento de justiça para castigar o povo, corrigindo-o pelos seus pecados. O povo seria levado ao cativeiro babilônico.

Hc 1:6-11

Os caldeus eram:
  • Amargos e impetuosos (1:6);
  • Grandes e numerosos (1:6);
  • Cruéis e que se apoderavam dos bens alheios (1:6);
  • Pavorosos e terríveis (1:7);
  • Criavam suas próprias leis distorcidas e egoístas (1:7);
  • Tinham uma poderosa força militar (1:8);
  • Eram ferozes e violentos (1:9);
  • Eram estratégicos e militarmente treinados (1:9);
  • Tinham sede de sangue e amavam a violência (1:9);
  • Tinham sede de conquista e poder (1:10);
  • Não tinham respeito por líderes nem por autoridades (1:10);
  • Eram conquistadores por natureza (1:11);
  • O deus desse povo era o poder, a conquista e a guerra (1:11).

Semelhantemente temos vivido nos dias de hoje, diante de poderes, governantes e pessoas que possuem as mesmas práticas e que se dedicam aos seus próprios interesses em detrimento dos princípios da Palavra de Deus.

A APRESENTAÇÃO DO DEUS DA SAGRADA ESCRITURA

Para o profeta Deus é:
  • SENHOR (1:2)
  • Eterno (1:12)
  • Meu Deus (1:12)
  • Meu Santo (1:12)
  • Juiz (1:12)
  • A Rocha (1:12)
  • Fundador (1:12)
  • Disciplinador (1:12)
  • Puro (1:13)
  • Santo (1:13)
  • Guiador da história (1:14)
  • Soberano (1:15)

O profeta aprende a esperar em Deus. Ele deseja esperar a voz de Deus.

Deus afirma que:
  • Suas Palavras não falham (2:3)
  • Espera com confiança e perseverança (2:3)
  • O soberbo não é reto (justo), mas justo vive pela fé (2:4)
  • O arrogante é enganoso e não permanece, sua boca é como o sepulcro e não se farta de falar o mal, ele ajunta pessoas ao seu redor só para criar guerra, contenda e problema (2:5).

O SENHOR julgará o povo que assola o Seu povo (2:8).

Em resumo: O povo de Deus anda em injustiça e é julgado por isso, primeiramente, mas aqueles que castigam o povo de Deus, por serem injustos, serão julgados também, por último.
Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora, se primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus? (1Pe 4:17)
Dessa forma, podemos entender que a situação espiritual do povo de Deus só revela que Deus lhes entregou ao desejo de seu coração. A situação degradante do povo de Deus só mostra que este povo, longe de um avivamento, está muito perto de um juízo. Depois, Deus julgará o ímpio.
Estou convencido de que estamos vivendo numa sociedade pós-cristã – uma civilização que existe sob o julgamento de Deus (MACARTHUR, 2002, p.10)
Eu me desespero só de pensar que você não tem consciência do julgamento de Deus sobre a Igreja de nossos dias. Você não consegue ouvir isso? Não consegue sentir ou ver? Por que essa tremenda confusão? Por que pessoas comuns de todos os países vêem a Igreja como algo ridículo? Este é o julgamento de Deus. Deus está permitindo que a Igreja seja ridicularizada em virtude do abuso e mau uso dos quais todos nós somos culpados. (LLOYD-JONES, 1965)
O juízo que Deus derrama sobre Seu povo, é o instrumento que Ele usa para purificá-lo, melhorá-lo e trazê-lo de volta para Si. Por isso o profeta diz: “O SENHOR, porém, está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra” (Hc 2:20).

Por fim, o profeta louva a Deus, cantando-Lhe por seus grandes feitos (Hc 3).

“aviva a tua obra, ó SENHOR, no decorrer dos anos”

Avivamento é uma obra de Deus. O Dr. Augustus Nicodemus acertadamente declarou que “o homem não pode se vivificar. Avivamento é uma obra de Deus”.

Avivamento é uma obra que ocorre quando o pecado é extirpado do meio de seu povo.
“se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra”(IICr 7:14)
Se humilhar: Consciência de pecado. Arrependimento.
Orar: Confissão.
Me buscar: Pedido de perdão.
Se converter: Mudança de atitude.

Ouvirei: Deus se voltará a favor. Escutará. Se aproximará.
Perdoarei: Renovará a aliança e o favor. Derramará graça e misericórdia.
Sararei: Curará a ferida.

Avivamento é uma obra que ocorre no decorrer dos anos.

Precisamos lembrar que:
  • Elias pode erguer o altar, colocar madeira e jogar água, mas só Deus pode fazer descer fogo do céu.
  • O homem pode retirar a pedra e desenfaixar o morto, mas só Jesus pode ressuscitar a Lázaro.

Por tudo isso, o profeta termina louvando a Deus por quem Ele é:
Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação. O SENHOR Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente. (Hc 3:17-19)
E nós? E nossas famílias?

O que faremos?



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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

MACARTHUR, John. Sociedade sem Pecado. Cambuci: Cultura Cristã, 2002.

LLOYD-JONES, Martin. A Purificação do Templo. 1965. Disponível em: . Acesso em 06 mar 2014.