terça-feira, 16 de dezembro de 2014

A GRAÇA COMUM, DISCIPLINA ARCANA E SUA RELAÇÃO COM O NATAL


Uma abordagem sobre os mitos, os símbolos e a comemoração do Natal

Robson T. Fernandes

É importante atentar para os aspectos culturais de uma sociedade ou comunidade, pois, se por um lado, a cultura deve ser usada e cultivada, por outro lado é necessário discernimento para que se saiba o que é cultural e sadio e o que é cultural e nocivo. Não podemos sobrecair no erro de condenar a cultura devido aos seus aspectos negativos e distorções, bem como não podemos nos deixar enredar pelo discurso liberal que aceita tudo de uma cultura sem questionar e sem a adoção de um critério sólido de identificação. Mas, então, que critério deve ser utilizado para se identificar quais os aspectos positivos e bons e quais os aspectos negativos e nocivos de uma cultura?

Desde a Reforma Protestante, a Igreja tem sido associada aos cinco Solas, que marcaram, identificaram e moldaram a Igreja de Cristo: 1) Sola Scriptura: Somente a Escritura; 2) Sola Gratia: Somente a Graça; 3) Sola Fide: Somente a Fé; 4) Solus Christus: Somente Cristo; 5) Soli Deo Gloria: Somente Glória a Deus. Todos os Solas têm como fundamentação a Escritura. A Bíblia Sagrada sempre foi e sempre será o parâmetro, medida padrão e critério que a Igreja deve usar em todos os aspectos de sua vida, especialmente diante de nossas limitações pessoais, geradas pela queda de Adão. Por essa queda, o ser humano é afetado em todas as áreas de sua vida. Fisicamente, passa a adoecer e morrer, sentir dor, ser afligido em seu corpo corrompido. Metafisicamente, passa a ter as suas emoções afetadas por pensamentos desagradáveis, distúrbios e desequilíbrios. Mas o pior de tudo diz respeito a separação ocorrida entre o homem e Deus, a sua morte espiritual e a parede de separação que criou a inimizade.

Então, os aspectos culturais são permeados de boas e más características, e, na tentativa de se identificar e selecionar as características positivas e proveitosas, devemos proceder com o estudo da Escritura como padrão e critério. Dessa forma, é importante que aqueles que se dizem cristãos sejam ensinados e treinados a identificar os bons aspectos culturais. E não só isso, é necessário que haja incentivo para que a cultura seja corretamente utilizada e desfrutada como forma de glorificar a Deus e como meio de anunciar as Suas obras e derramamento de Graça sobre a criação.

Por isso, não podemos nos opor a manifestação da Graça Comum na humanidade, seja através das artes (música, poesia, literatura) ou da ciência. O que precisamos é saber ensinar critérios bíblicos de seleção e princípios bíblicos para a correta utilização da cultura, de forma equilibrada e edificante. George Eldon Ladd explica que o apóstolo Paulo utilizou essas ferramentas culturais, a exemplo da filosofia ou de “conceitos helenísticos”, mas sabendo moldar tais informações à luz da Sagrada Escritura:

A partir desses estudos das possíveis fontes do pensamento ético de Paulo, várias conclusões emergem. Está claro que Paulo não é um legalista. Ele não tenta substituir um novo código de ética cristão pela Lei do Antigo Testamento. Todavia, tem fortes convicções sobre a conduta cristã correta. As fontes de seu pensamento ético são complexas. A infraestrutura de seu pensamento é o Antigo Testamento. Ele não hesita em fazer uso de conceitos helenísticos, mas estes são sempre interpretados nos termos da nova vida em Cristo. Paulo utiliza todos os ideais éticos que lhe estavam disponíveis, a fim de expressar suas convicções a respeito de como o cristão deveria viver. (LADD, 2009, p.695)

Por outro lado, é importante repetir que, sendo o homem pecador por natureza, é preciso manejar bem a Palavra da Verdade para saber selecionar o aspecto correto e dizer não àquilo que é distorcido. Especialmente pela tendência mais recente de relativização e desconstrucionismo a que o mundo vem sendo submetido. Então, pela falta de orientação bíblica adequada e contextualizada muitos têm perdido o equilíbrio ao longo dos anos, passando a dizer sim àquilo que deveria receber um não, ou, em caso contrário, dizendo um não àquilo para o que deveria dizer sim. Nessa mesma direção Nancy Pearcey faz a seguinte afirmação:

Em um mundo de relativismo moral, onde tudo é reduzido à escolha pessoal, dizer “não” já é um ensinamento muito difícil. Se não parece difícil, então sem perceber estamos nos conformando com o mundo. Se não estamos dizendo “não” de modo a nos colocarmos de joelhos para buscar o poder capacitante de Deus, então não estamos nos levantando contra o sistema pecador do mundo como devemos. (PEARCEY, 2006, p.399)

Portanto, não podemos cair nas armadilhas do relativismo, secularismo e liberalismo e abraçar todas as práticas e conceitos disponíveis na sociedade. Precisamos de direção bíblica, mediante a orientação do Espírito e uma vida piedosa que nos ajudará a andar em passos firmes e sadios. Por outro lado, também não podemos, em nome de uma fé cega, legalista, moralista e engessada proibir a utilização de todas as coisas existentes nesse mundo na tentativa de viver uma vida ascética, enclausurada e hermética como se não estivéssemos nesse planeta e como se não pudéssemos utilizar de forma ordeira, equilibrada e saudável aquilo que o próprio Deus capacitou o homem a fazer e usufruir.

Dessa forma, ao encontrar o equilíbrio na Graça Comum, a Igreja terá maiores e melhores condições de preservar a sua identidade, seja através da teologia em si, de modo formal[1], ou através da expressão artístico-cultural. Daí surge, juntamente com a Graça Comum, a questão histórica da utilização da Disciplina Arcana[2].

Dadas as frequentes perseguições e ataques contra o cristianismo primitivo, os cristãos lançaram mão da Disciplina Arcana para, inicialmente, preservar a identidade de sua mensagem de forma visual. Por isso que Ivan Bilheiro afirma que a “Disciplina do Arcano deu origem ao simbolismo da religião cristã, o qual é utilizado até os dias atuais”.

Assim, por exemplo, a simples forma geométrica do círculo passou a representar Jesus Cristo, e quando vinha este símbolo sobre uma cruz, significava a crucificação (considerado o fato de que as cruzes eram, geralmente, evitadas, por serem um símbolo bem óbvio da perseguida religião), e, nesse caso, nota-se o sincretismo simbólico com o Deus-sol do paganismo; ou o mesmo símbolo podia servir para representar a eternidade de Deus[3].
Muitos outros símbolos foram sendo criados, como o peixe, que representava, também, Jesus. Este símbolo foi escolhido porque, em grego, a palavra peixe forma um acróstico das iniciais de “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”, também em grego. O símbolo do peixe também era utilizado para reconhecimento mútuo entre os cristãos. (BILHEIRO, 2008, p.65)

Em meio as perseguições a que o cristianismo foi submetido em toda a sua história, surge a necessidade de ocultar seus símbolos e verdades mais íntimas e preciosas daqueles que eram iniciados. Com isso, as famosas Catacumbas de Roma começam a ser utilizadas como local de reunião e adoração. Naquele local, muitas inscrições foram produzidas nas paredes, podendo ser vistas até hoje. Exatamente por essa razão afirma-se que a arte paleocristã tem início nesse período, através de pinturas e entalhes nas paredes. Por isso que o “estudo da arte deste período permite observar o dinamismo da Igreja, quando ainda embriônica, e a capacidade de adaptação, não só da instituição em si, mas também dos fiéis” (BILHEIRO, idem, p.65).

Dentre os muitos símbolos produzidos pelos primeiros cristãos, podem ser vistas cruzes, âncoras, o chi-rho[4], peixes etc. Toda essa rica simbologia busca representar de forma figurada, simbólica, as verdades mais íntimas e preciosas do cristianismo e que não deveriam ser expostas aos de fora, a exemplo do “Peixe”. O “Peixe”, ICHTYS, é uma representação de Jesus Cristo, e também um dos símbolos mais antigos do cristianismo. Esse termo grego é um anagrama, em que cada letra é a inicial da frase “Iesous Christos Theou Yios Soter”, que é traduzida como “Jesus Cristo, filho de Deus Salvador”.

Com tudo isso, podemos observar que a utilização de símbolos sempre foi um marca da Igreja Cristã, que visava não só preservar o seu ensino como também protegê-lo. Curiosamente, essa característica marcante do cristianismo tem sido perdida e até discriminada nos últimos anos, passando a ser vista por muitos como sinal de idolatria e paganismo. Por exemplo, o círculo junto com a cruz, conhecida como cruz celta, que era vista pelos cristãos como símbolo da aliança eterna feita por Deus por meio do sacrifício de Cristo na cruz, passou a ser desprezado e reprovado devido a sua utilização pelas religiões pagãs. Então, a pergunta é: deveríamos deixar de utilizar símbolos que transmitem uma mensagem bíblica e cristocêntrica simplesmente porque outro grupo religioso decidiu utilizar o mesmo símbolo dando-lhe outro significado? E mais, essa atitude de reprovar a utilização correta de símbolos, não estaria relacionada ao desconhecimento e falta de instrução?

A absorção de uma cultura paralela, criada pelo radicalismo e legalismo que são tão comuns, tem conduzido a Igreja à um estereótipo que, em muitos casos, não condiz com aquilo que é apresentado na Escritura. Por outro lado, a libertinagem encontrada no meio evangélico que abre as portas para toda sorte de ismos é assustadoramente preocupante. Se em um extremo encontramos evangélicos que mais parecem membros do grupo Amish[5], por outro encontramos alguns que mais parecem hippies e anarquistas. A nossa sociedade brasileira é culturalmente rica e cheia de diferenças, devido a influência de diversas nações que foram responsáveis pela nossa colonização, além de Portugal. Ainda, pela vastidão territorial que faz de nosso país um território de proporções continentais. A diferença, por exemplo, nos hábitos e costumes entre o Amazonas e o Rio Grande do Sul é fenomenal. Daí, a riqueza da diversidade cultural em nosso país e a problemática em como administrar essa questão à luz da Sagrada Escritura.

Ao mesmo tempo em que o Natal é a comemoração anual mais festejada, tem se tornado a mais polêmica no meio evangélico. Muitas acusações, especulações e depreciações são feitas. Discute-se a origem da data, o significado dos símbolos e a própria natureza da festa.

Na maioria dos casos, gasta-se mais tempo falando sobre a árvore de natal, por exemplo, do que sobre o próprio Jesus. E mais, talvez a árvore seja um símbolo mais atacado do que a própria manjedoura, já que poderíamos esperar o contrário, devido a utilização de “imagens”, que naturalmente poderiam ser interpretados como “escultura” e objeto de idolatria.

Como já pôde ser observado, a riqueza cultural do Brasil é imensa, especialmente pela influência constante e marcante de várias outras tradições. Por exemplo, pelo fato de o Brasil ser um país tropical, torna-se estranho, todos os anos, colocar flocos que simbolizam neve nas representações natalinas em nosso país. Mas, ainda assim, estão lá, presentes em nosso natal como fruto de uma influência cultural externa.

Então, dentro do aspecto que diz respeito a preservação da identidade cristã através da manifestação cultural e a correta utilização dos símbolos, acreditamos ser importante abordarmos a polêmica envolvendo o significado da árvore de natal, por exemplo. Quanto a data em que se comemora tal festa, deve ser feito um comentário breve, já que essa não é uma questão tão discutida quanto a da própria árvore.

Estamos conscientes da centralidade de Jesus Cristo em todas as coisas, inclusive no Natal. Por isso, a nossa intenção não é convergir o sentido do Natal para a árvore, mas sim tratar da questão em bases sólidas, através da análise histórica e demonstrar de forma consistente que muito do que é dito e ensinado talvez não corresponda a realidade dos fatos e sim aos interesses particulares de alguns grupos. Devemos lembrar sempre que a verdade liberta (João 8:32).

A ÁRVORE DE NATAL

Existem muitas influências pagãs em nossa sociedade, e estas têm trazido grande prejuízo à Igreja, especialmente em sua pregação e na forma como o seu ensino é manifestado na sociedade. Entendemos que os povos mais antigos tinham por hábito divinizar tudo o que lhe fosse pertinente, e parece que os povos da atualidade têm preservado os mesmo hábitos. Por isso, René Menard afirma que:

Tudo quanto nos apresenta a natureza exterior era, aos olhos dos antigos, a forma visível de personalidades divinas. A terra, o céu, o sol, os astros, as montanhas, os vulcões, os tremores de terra, os rios, os regatos, as árvores, eram personagens divinas, cuja história os poetas narravam, e cuja imagem fixavam os escultores. (MENARD, 1991, p.11)

Então, é normal pensar que todas as coisas existentes, para os povos mais antigos, algum dia já foram vistos como deuses ou instrumentos de manifestação divina. Com isso, precisamos esclarecer que se alguém desejar caminhar nessa trilha que envolve o paganismo e a mitologia, deverá fazê-lo com bastante cautela e atenção, para que não sobrecaia no erro do radicalismo, exagero e falta de atenção, que irá, inevitavelmente, conduzir à uma prática de vida bastante distante da realidade dos fatos.

Por outro lado, afirmar que algo tem origem pagã, sem que isso corresponda à realidade dos fatos, é o mesmo que divinizar um ensino, pois iremos viver em função dele, servindo-o e sendo escravizados por ele. E, se for assim, qual a diferença entre utilizar um objeto pagão, ou tornar divino um ensino errado?

Após realizar uma extensa pesquisa em mais de trinta volumes que tratam de História Geral, Simbologia, Mitologia e Misticismo, acreditamos ser importante citar o que os principais autores sobre o assunto têm a dizer sobre a adoração às arvores no passado e sua suposta relação com a árvore de natal.

René Menard (1991, p.72) revela que na mitologia greco-romana acreditava-se que havia uma árvore sagrada na ilha de Egina, consagrada a Júpiter, que a “floresta sagrada de Dodona continha os carvalhos proféticos, e os oráculos se verificavam de acordo com o roçar das folhas” (p.79), que o pinheiro era uma “árvore consagrada a Átis” (p.288), e que a oliveira era consagrada a Minerva (1991, v.2, p.206).

Mas, o autor em seu extenso escrito nada fala da corelação com a árvore de natal, mesmo que ainda assim se refira ao pinheiro consagrado a Átis.

Edward McNall Burns, ao falar sobre o desenvolvimento da religião do povo hebreu, e suas contínuas apostasias revela o seguinte:

Muito poucos povos na história passaram por uma evolução religiosa comparável à dos hebreus. Seu ciclo de desenvolvimento abrange todo o caminho que vai das mais cruas superstições até as concepções espirituais e éticas mais sublimes. Isso pode em parte ser explicado por meio da posição geográfica especial ocupada pelo povo hebreu. Localizados como foram, depois da conquista de Canaã, no caminho de ligação entre o Egito e as maiores civilizações da Ásia, estavam da religião destinados a sofrer uma extraordinária variedade hebraica de influências.
É possível distinguir, na evolução da religião hebraica, ao menos cinco períodos diferentes. O primeiro pode ser chamado período pré-mosaico, indo desde as mais primitivas origens do povo até aproximadamente 1.100 a.C. Esse período caracterizou-se, a princípio, pelo animismo, pela adoração de espíritos que residiam em árvores, montanhas, poços e fontes sagradas, ou mesmo em pedras de forma especial. (BURNS, 1970, p.146,147).

A explicação de Burns para as apostasias do povo hebreu são válidas para entender como a cultura influencia a crença se não houver constante vigilância e observação prática da Escritura. Ainda, destaca um tipo de adoração que era praticada aos supostos espíritos que residiriam em árvores, mas, também, nada é dito com relação a algum tipo de adoração que faça lembrar algo semelhante a uma árvore de natal.

Edward McNall Burns, ao falar sobre as diversas características da religião do povo Hegeu, revela que:

Havia ainda outros característicos curiosos: a adoração de animais (o touro, o veado e o minotauro, que era metade touro e metade homem), a adoração de árvores sagradas, a veneração de objetos sagrados, que provavelmente eram símbolos da reprodução (o machado de dois gumes, o pilar e a cruz) e o emprego de sacerdotisas em lugar de sacerdotes para executar os ritos do culto. Indubitavelmente, o ato de adoração mais importante era o sacrifício. (BURNS, 1970, p.173)

Mais uma vez é estabelecida a origem da adoração distorcida realizada pelos hebreus, a influência de outros povos. Aqui são citadas algumas práticas comuns ente o povo hegeu. Nada é dito com relação a algum tipo de adoração que faça lembrar a árvore de natal. Contudo, é dito que os hegeus adoravam símbolos como a cruz e realizavam sacrifícios como principal meio de adoração em seu paganismo. Por que ninguém critica a prática dos cristãos primitivos, aqueles que viveram na época dos apóstolos, de marcar seus locais de reunião com cruzes e peixes esculpidos nas paredes? E mais, essa prática continuou com o tempo e pode ser constatada em abundância nas catacumbas de Roma, por exemplo. Ainda, o que dizer do sacrifício realizado pelos hebreus, que já era praticado por povos mais antigos? Será que os hebreus começaram a sacrificar por influência do paganismo anterior ao seu tempo? Certamente que não!

Outra árvore idolatrada, dessa vez na mitologia hindu, é conhecida como “árvore do despertar’ que, segundo o hinduísmo, é identificada por Joseph John Campbell[6] como “a árvore Bo ou Bodhi (bodhi, “despertar”)” (CAMPBELL, 1995, p.21). Ainda, na mitologia suméria, de aproximadamente 3500 a.C., é mencionada uma árvore que é apertada contra o peito do sacerdote de tal forma que seus galhos formam uma cruz, ao que os místicos entendem como sendo uma profecia simbolizando que “no útero da Mãe Virgem, já era virtualmente o Crucificado” (IDEM, p.47). Ainda, na mitologia egípcia é citada a “deusa da árvore” (IDEM, p.138).

Joseph John Campbell também não fala nada acerca de algum tipo de adoração à árvore que fizesse lembrar algo que esteja relacionado com a árvore de natal.

Na mitologia egípcia, a divindade Sopdu está relacionada com o culto às árvores. Nos cultos celtas as árvores eram idolatradas. Na mitologia chinesa é uma divindade que abriga o sol, chamada de Fusang ou Kongsang. Também nas mitologias nórdica e japonesa as árvores são apresentadas como divindades ou especiais. Para os druidas e celtas, as “Oak” eram árvores sagradas. Na mitologia irlandesa, o carvalho é uma árvore sagrada. Mas nada que se refira a algum tipo de adoração parecida com uma árvore de natal.

Na mitologia síria conta-se que a filha da rainha da Síria, Mirra, por ter sido declarada mais bela que a divindade da beleza, Afrodite, despertou a ira desta deusa, que fez com que Mirra se apaixonasse e coabitasse com o próprio pai. Então, para que ela não morresse, por piedade das divindades do panteão, Mirra foi transformada na árvore que recebe seu nome, “cujas gotas não são senão as lágrimas da própria Mirra” (HACQUARD, 1996, p.4). Ainda, na mitologia grega, para fugir de Apolo, a ninfa Dafrie foi escondida por sua mãe Terra que abriu o solo e a escondeu, onde nasceu uma árvore chamada Loureiro, que Apolo tornou sagrada (IDEM, p.15). Acreditava-se, também, que Proteu, filho dos Titãs Oceano e Tétis, podia transformar-se em um “leão, serpente, pantera, javali, em água e numa árvore” (IDEM, p.126). Apolo também transformou o jovem Télefo na árvore sagrada, conhecida como Cipestre. Júpiter, para atender ao pedido do casal, Filémon e Báucis, de ficarem juntos até o fim de seus dias, por terem acolhido hospitaleiramente em sua casa a dois viajantes, que sem saber eram Júpiter e Mercúrio, os transformou em duas árvores, o Carvalho e a Tília (IDEM, p.67).

Em todos esses casos, as árvores eram adoradas, respeitadas e idolatradas, mas não é encontrado nada que faça lembrar de algum tipo de culto ou cerimônia religiosa que possa ser associado a uma árvore de natal.

Na mitologia grega, Georges Hacquard revela que:

As Ninfas são jovens divindades que personificam as forças da natureza. As lendas sublinham, geralmente, as suas funções de amas dos deuses. Elas encarnam árvores (são as Dríades, as Hamadríades, as Melíades), as águas correntes e as fontes (Náiades), os campos e as montanhas (Oréades). As Ninfas são filhas de Zeus ou filhas dos rios, sendo sensíveis à beleza dos jovens, e não hesitando em seduzi-los [...] (HACQUARD, 1996, p.109)

Na mitologia grega, Hesíodo revela que o “Loureiro é árvore de Apolo, é a forma que assume no reino vegetal a cratofania de Apolo, - este Deus que juntamente com as Musas atribui o dom do canto e da citarodia (execução de citara)” (HESÍODO, 1995, p.21).

Os gregos adoravam as árvores, especialmente as mais altas e frondosas. Eles entendiam que as mesmas eram divindades materializadas em plantas, ou humanos que foram honrados pelos deuses como tais. Mas, mais uma vez, nada é dito sobre algum tipo de adoração que lembrasse a árvore de natal.

Franchini e Seganfredo, ao tratarem da mitologia nórdica, citam a “árvore Yggdrasil”, tida como sagrada nessa mitologia, que envolve a estória de Thor e seu irmão Loki:

[...] na mais alta das regiões estava situado o paraíso daquele soberbo universo, nas profundezas da terra, muito abaixo de Midgard, estava o Niflheim, o horrível e gelado reino dos mortos. Lá pontificava a sinistra deusa ú, filha de Loki, que se regozija com a fome, a velhice e a doença, e que tem ao lado a serpente Nidhogg. Esta se alimenta dos cadáveres dos mortos e se dedica a roer continuamente uma das raízes da grande árvore Yggdrasil, um freixo gigantesco que se eleva por cima do mundo e deita suas raízes nos diversos reinos, entre os quais, o próprio Asgard. Ao alto da copa frondosa desta imensa árvore, sobrevoa uma gigantesca águia, que vive em guerra aberta contra a serpente Nidhogg. Um pequeno esquilo - Ratatosk -, que passa a vida a correr desde o alto da Árvore da Vida até as profundezas onde está a terrível serpente, é o leva-traz dos insultos que estas duas criaturas se comprazem em trocar sem jamais esgotar seu infinito estoque de injúrias. (2004, p.7,8)

Fica bastante claro que a crença mitológica nórdica apresenta uma árvore sagrada, chamada Árvore da Vida (Yggdrasil) que não possui nenhuma relação com a árvore de natal.

Junito de Souza Brandão, ao falar sobre a mitologia cretense, apresenta as duas principais divindades, que são: a Grande Mãe, que está sentada junto à árvore da vida, e Réia. É feita uma descrição da denominada “Grande Mãe”, e uma de suas características é estar sentada junto à árvore da vida. Mas, nada é dito sobre esta árvore ser parecida com uma árvore de natal:

Se pouco se conhece do culto cretense, menos ainda se sabe acerca de seu Panteão. Uma coisa, todavia, é certa: a religião cretense estava centrada no feminino, representado pela Grande Mãe, cujas hipóstases principais, em Creta, foram Réia e a Deusa das Serpentes.
[...]
É assim, exatamente, que se apresenta a Grande Mãe minóica. Deusa da natureza, reina sobre o mundo animal e vegetal. Sentada junto à árvore da vida, está normalmente acompanhada de animais, como serpentes, leões ou de determinadas aves. (BRANDÃO, 1986, p.58)

Ainda, Junito de Souza Brandão revela que, em relação à divindade grega Atená, a oliveira era uma árvore sagrada. Também, o carvalho era outra “árvore sagrada” nessa mitologia. Para Apolo, a árvore predileta era o loureiro. A cipreste era venerada como “árvore da vida” ou “árvore da tristeza”, a árvore da “grande mãe”. Artémis era conhecida como “senhora da árvore”. Dionísio era uma divindade da árvore em geral, bem como outras divindades da vegetação, a exemplo de Adônis ou Osíris. Na mitologia, ainda, acreditava-se que porque Hermes, filho de Zeus e de Maia, após nascer foi colocado enfaixado debaixo de um salgueiro, esta também era considerada uma árvore sagrada, sendo símbolo da fecundidade e imortalidade (BRANDÃO, 1987).

Junito de Souza Brandão ainda diz o seguinte:

Ártemis aparece com todas as suas antigas características de deusa da vegetação. Na Arcádia, denominava-se “Senhora da árvore” e, com a designação de Kedreâtis, a “senhora do cedro”. Nos confins da Lacônia e da Arcádia, em Kárias, a Karua'/ti" (Karyâtis), a “senhora da nogueira” era celebrada com danças muito animadas pelas Cariátides. O ato bárbaro de flagelação, por que passavam os efebos, em Esparta, junto ao altar de Ártemis Órtia, como se mostrou, é interpretado por alguns não apenas como símbolo de antigos sacrifícios, mas ainda como um rito purificador e de incorporação nos efebos da substância sagrada da árvore. (BRANDÃO, 1987, p.68)

Toda a descrição da cultura pagã é apresentada, mas nada é dito com relação a algo que parecesse com uma árvore de natal, ou uma cerimônia que fizesse lembrar algo do tipo, muito embora existam algumas menções a pinheiros nas mitologias. Por exemplo, há uma referência a um pinheiro na mitologia da ninfa que era amada pela divindade Pã, que, por ciúme, foi morta por Bóreas, o “terrível vento do norte”, quando os deuses a transformaram em um pinheiro. Sobre isso René Ménard diz que:

Foi depois disso que essa árvore, que traz o nome da ninfa (Pítis significa, em grego, pinheiro) foi consagrada a Pã, e é por esse mesmo motivo que nas representações figuradas, a cabeça de Pã está muitas vezes coroada de ramos de pinheiro. (MÉNARD, 1991, v.3, p.82).

Então, vemos aqui uma justificativa mitológica do porquê que a imagem de Pã, uma divindade metade homem e metade caprino, é representada com uma folha de pinheiro na cabeça. Mas nada que se assemelhe a uma árvore de natal.

Outra menção ao pinheiro, na mitologia, diz respeito a Cibeles, também conhecida como Ops, Réa e Vesta. Ela era adorada na Lídia e na Frigia, e transformou seu sacerdote Atis em um pinheiro, consagrando esta árvore à divindade (MAGNO, s/d, p.23). Hércules foi outro personagem da mitologia que teve uma árvore consagrada a si, o álamo (IDEM, p.181). A Apolo consagraram o louro e a palmeira (IDEM, p.221). “Aos Faunos, eram consagrados o pinheiro e a oliveira” (IDEM, p.222). Às Fúrias consagraram o zimbro, o cedro e o cipreste (IDEM, p.222). Entre os druidas o carvalho era adorado (IDEM, p.285). A oliveira foi consagrada à Minerva (IDEM, p.300). Alguns acreditavam que em Ródope, um monte da Trácia, havia árvores que se moviam para ouvir o canto de Orfeu, considerado o maior músico da antiguidade (IDEM, p.329).

Em todos esses casos, e em todas essas culturas e mitologias, a árvore é citada como algo divino e venerável, mas nada que esteja relacionado como a base para uma futura adoração ou culto a uma árvore que fosse semelhante à árvore de natal. Mas a adoração aos elementos da natureza ocorre desde os povos mais antigos que se tem conhecimento. Com isso, Albino Pereira Magno faz o seguinte comentário:

Foi no Egipto e na Fenícia que estas crenças e estas superstições apareceram primitivamente. Os egípcios eram um povo composto de barqueiros, de pescadores, de pastores nómadas, habitando as margens do Nilo, dados à caça e à pesca; o seu sistema religioso ressentiu-se das suas ocupações, na sua origem era apenas o culto prestado aos astros e aos elementos da natureza; mais tarde foi-lhe introduzido o culto dos animais, do boi como auxiliar mais útil do cultivador, do cão guarda dos rebanhos, do gato inimigo dos crocodilos e dos ratos que infestavam o Egipto; por ultimo veio o culto das plantas úteis, tais como o loto, arvore cujo fruto alimentava os habitantes. (MAGNO, s/d, p.6)

A explicação de Magno demonstra a capacidade que o ser humano possui de, em seu estado natural caído, tornar cada vez maior o estado e o estágio de idolatria e afastamento de Deus, a depravação total. Contudo, mesmo no Egito, ou na Fenícia, nada é dito com relação a algum tipo de idolatria a uma árvore que faça lembrar aquilo que viria a ser chamado mais recentemente de árvore de natal.

Mas, a despeito de toda a literatura histórica e mitológica já publicada, curiosamente, Herder Lexikon faz a seguinte afirmação sobre a árvore de natal:

Conífera ornamentada e guarnecida com luzes durante o Natal em quase todo o mundo cristão; ela se tornou comum somente no século XIX, embora já fosse um costume pagão durante as chamadas “Doze Noites” (25 de dezembro a 6 de Janeiro) em que se penduravam nas casas galhos verdes protetores e acendiam-se velas, porque temiam-se as intrigas dos espíritos malignos. No cristianismo, a árvore de Natal tornou-se um símbolo de Cristo, a verdadeira Árvore da Vida com as luzes simbolizando “a Luz do Mundo”' nascido em Belém; as maçãs, freqüentemente utilizadas como adorno, estabelecem uma relação simbólica com a maçã do conhecimento do Paraíso e, consequentemente, com o pecado original eliminado pela ação de Cristo, de modo a abrir caminho para a volta da humanidade ao Paraíso simbolizado pela árvore de Natal. (LEXIKON, 1990, p.143,144)

Afirmar que a árvore de natal é uma herança do paganismo, um “costume pagão durante as chamadas “Doze Noites” (25 de dezembro a 6 de Janeiro)” é ir de encontro a todas as informações já publicadas mediante as pesquisas que já foram feitas. Por isso, Herder Lexikon se contradiz ao afirmar que o costume pagão, das Doze Noites, era o de pendurar “nas casas galhos verdes protetores e acendiam-se velas” em comparação com a árvore de natal. Nitidamente, pendurar galhos verdes não é o mesmo que confeccionar uma árvore na sala, com bolas e uma estrela em cima. Temos, então, dois elementos diferentes, galhos pendurados e uma árvore. Porém, para manter uma posição, que não condiz com os fatos, Lexikon faz um malabarismo interpretativo.

Diferentemente da árvore de natal, esses “galhos verdes protetores” pendurados são o que se chama de guirlanda[7], o que é totalmente diferente. Por isso, afirmamos que a guirlanda tem origem no paganismo e uma simbologia diferente daquela a que o natal de Jesus Cristo se propõe.

Para ser mais coerente, se ainda assim desejamos eliminar o pinheiro, árvore de natal, e, para isso, utilizamos como argumento uma fictícia associação com o paganismo do passado, deveríamos, muito mais, eliminar os jogos olímpicos, que foram criados para homenagear “Júpiter o deus dos deuses, o deus supremo” (MAGNO, s/d, p.40):

Júpiter recebeu tantos cognomes como de lugares, onde tinha altares; na Líbia denominavam-no Amon, no Egipto Osíris, Capitolino em Roma, mas o mais ilustre era o át Júpiter Olímpico, ou porque era no Olímpio que êle habitava com toda a sua corte, ou por causa da instituição dos jogos Olímpicos assim chamados de Olímpia, cidade da Elida no Peloponeso, junto da qual se celebravam de quatro em quatro anos completos. Ao quinto ano, depois de passado por completo o quarto, celebravam-se esses jogos e o espaço que decorria entre um e outro jogo chamava-se Olimpíada, modo célebre de contar os anos na antiguidade; os primeiros jogos olímpicos celebraram-se no ano do mundo 3196.

Entretanto, nunca vimos uma mobilização religiosa contra as Olimpíadas que claramente tem sua origem pagã. Mas com relação ao pinheiro, ou árvore de natal, que não possui relação com o paganismo, encontramos um alarde sobremaneira infundado. Então, é uma incoerência criticarmos a árvore de natal, que não tem origem pagã, e participarmos, assistirmos e contribuirmos com as olimpíadas, que foram criadas para cultuar e adorar ao deus Júpiter. O que dizer ainda das fogueiras de São João no dia 22 de junho, que foram criadas claramente para homenagear a divindade idolatrada no catolicismo romano? Vemos constantemente manifestações contra a árvore de natal, mas quase nenhuma contra tal fogueira. Não seria isso uma incoerência? Isso para não falar de outras práticas bastante comuns na sociedade.

O que dizer ainda do batismo realizado pela igreja protestante? Será que foi uma prática pagã, já que religiões antigas já a praticavam? Claro que não. O que dizer ainda da doutrina da trindade? Será que foi uma prática pagã, já que existem demonstrações religiosas de uma tríade de deuses em suas crenças? Claro que não. O que dizer ainda da ideia do céu e inferno? Será que foi uma prática pagã, já que algumas religiões antigas também ensinavam isso? Claro que não. O que dizer ainda da prática judaica de enfaixar seus mortos, como fizeram com Lázaro (Jo 11:44) e com Jesus (Jo 19:40, 20:7)? Será que foi uma prática pagã, já que os egípcios também o faziam? Claro que não. O que dizer ainda das cruzes utilizadas por muitas igrejas cristãs? Certamente alguns sustentarão que é símbolo de maldição, fazendo um malabarismo do texto de Gálatas 3:13, quando, na verdade, o texto afirma que foi Cristo que se fez maldito e não a cruz. Enfim, nos depararemos com toda sorte de afirmações e defesas que não encontram respaldo, nem histórico e nem bíblico, para se defender posições pessoais e particulares.

Ao falarmos sobre Árvore de Natal vemos muitas declarações sendo feitas, tanto nos púlpitos quanto na internet, que alcança uma escala muito maior. Vemos declarações de que a árvore de natal tem origem pagã com os escandinavos, em outros lugares é afirmado que foi originada com os germânicos, em outro é afirmado que surge a partir de um antigo festival chamado Zagmuk que simbolizava a passagem de ano, em outro é afirmado que tem origem na Babilônia, em outro diz-se que iniciou-se por volta do século II ou III a.C., outros ainda a associam como um elemento presente no ritual pagão de Nimrod, outros dizem que surgiu em algum dos povos existentes na Mesopotâmia.

Enfim, são tantas afirmações que se contradizem, datas que não coincidem, versões diferentes e afirmações cabais de associação com o paganismo que se torna algo extremamente perturbador procurar uma resposta coerente e que esteja bem fundamentada, documentada e comprovada. Especialmente pela quantidade de contradições existentes. Mas uma coisa é certa, para os que defendem que a árvore de Natal tem origem no paganismo, no final da história, o ensino será resumido à simples afirmação de que ao buscar a “verdadeira história do Natal” acabaremos diante de rituais e deuses pagãos. Não importando quando, onde, nem por quem, o assunto árvore de natal transformou-se em um cavalo de batalha na atualidade e pouca, ou nenhuma prova, tem sido produzida ou apresentada para respaldar solidamente as afirmações feitas, mas apenas declarações, que sempre se contradizem com os “fatos” que são apresentados.

Então, qual a verdadeira origem da árvore de natal?

Existe uma estória que alguns utilizam como história. O certo é que aqui encontramos também muitas divergências no conto, mas ainda assim tem sido utilizada para demonstrar a origem da árvore de natal moderna. Afirma-se que entre os séculos VII e VIII, o missionário saxão Winfried, conhecido como Bonifácio, o “apóstolo dos alemães”, dedicou-se a pregar para os anglo-saxões da Germânia, que realizavam o culto à Odin através da adoração ao “Carvalho Sagrado de Odin”, também conhecido como “Carvalho Sagrado de Thor”. Bonifácio cortou esta árvore, utilizada pelo paganismo para seus cultos, e utilizou a madeira para a construção de uma capela. Ainda, plantou um pinheiro, chamado-o de “Árvore do Paraíso”, que utilizou para anunciar, de forma visual, a mensagem de Adão, Eva e a árvore do conhecimento do bem o de mal, representando a Queda no Éden e a Salvação em Cristo. Muitos anglo-saxões se converteram à mensagem de Bonifácio e começaram a comemorar, junto com o natal, o dia de Adão e Eva.

A árvore utilizada para simbolizar essa festa era o pinheiro, ornamentado com maçãs, simbolizando o fruto proibido. Com o passar dos anos, a festa foi sendo incrementada e novos “elementos” foram introduzidos na árvore.

No século XV, em Livonia, Alemanha, começaram a usar as árvores na época do natal, nos prédios comerciais, quando, também, encenavam peças teatrais sobre Adão e Eva com uma árvore decorando o cenário, representando a árvore do bem e do mal, no dia 24 de dezembro. Com o tempo, os alemães passaram a utilizar um móvel de madeira, triangular com prateleiras, em que colocavam figuras e elementos referentes à época natalina. Daí surge o protótipo da atual árvore de natal, com a união dos dois – Árvore do Paraíso e Móvel do Natal. Mas, tradicionalmente, a cultura alemã atribui a Martinho Lutero, o reformador protestante, a construção da primeira árvore de natal moderna.

Talvez por isso, Charles Spurgeon[8] (2012), ao falar sobre Lutero, tenha dito que:

Eu gosto de imaginá-lo com sua família próximo a uma árvore de Natal, compondo uma música, com o pequeno João Lutero em seu colo. Gosto de imaginá-lo cantando um pequeno hino com as crianças, falando ao seu filhinho dos cavalos no Céu, com freios de ouro e selas de prata. A Fé não retirou sua hombridade, mas a santificou para usos ainda mais nobres. Lutero não viveu nem andava como se fosse um reles clérigo, mas como um irmão de toda a humanidade! (SPURGEON, 2012)

A partir do ano de 1841, quando o príncipe Albert, esposo da rainha Vitória, confeccionou uma árvore de natal no Palácio Real Britânico virou moda e a prática se espalhou por todo o império e pelo mundo.

Então, se por um lado a árvore de natal não tem origem no paganismo, ela tem sido utilizada como um instrumento de idolatria, e pensamos que é aqui que está o maior problema do assunto. Por exemplo, para os esotéricos e adeptos do gnosticismo a árvore deve ter: 3 sininhos, para simbolizar a Trindade[9], as três Forças Primárias do Cosmos; 7 Anjinhos, representando os sete espíritos angélicos santificados; 12 Bolas, representado as doze leis crísticas, os doze salvadores, os doze cavaleiros da távola redonda, os doze apóstolos e as doze verdades de Cristo; 7 Bengalinhas, representando os sete chakras kundalinis, que são pontos de energia que supostamente tornam o homem divino; Enfeites ao pé da árvore, representando todas as virtudes que o ser humano deseja alcançar.

Por isso, se a árvore é utilizada com esse sentido, intenção e significado, deve ser descartada imediatamente. Ela foi criada com a finalidade de se fazer uma pregação visual. Se isto não está sendo feito é porque não está cumprindo o papel e finalidade para a qual foi feita.

Dois fatores ainda precisam ser observados.

O primeiro fator diz respeito àquilo que é chamado de Lei do Amor e que é estabelecido por Paulo em Romanos 5:1, quando o apóstolo trata da questão dos alimentos na igreja. Muito embora a questão alimentar seja o assunto tratado, o princípio estabelecido deve ser mantido, e este princípio bíblico estabelece a observação das consequências de uma atitude na consciência de um irmão mais fraco. Por isso, enquanto o irmão não possui o esclarecimento necessário e enquanto não chega a consciência de sua liberdade em Cristo, aquele que julga ser mais forte na fé e ter consciência bíblica deve aplicar a lei do amor suportando a debilidade do mais fraco (Rm 15:1). Por isso, seja com alimentos ou com árvores de Natal, o irmão mais “forte na fé” deve buscar não escandalizar o irmão mais “fraco na fé”.

Paulo, ainda, afirma que não existe nada impuro, a não ser para quem deseja considerar alguma coisa impura (Rm 14:14), e que todas as coisas são limpas. Portanto, o problema não é a comida em si, mas o escândalo que pode ser gerado (Rm 14:20) ao se consumir um determinado alimento na presença de um irmão que é mais fraco na fé. De forma semelhante o princípio se aplica tanto a árvore de natal quanto a qualquer outro assunto. Ao tratar do assunto que diz respeito a liberdade cristã, Richards (2008, p.323) afirma que “no exercício de nossa liberdade, devemos permanecer sensíveis às convicções dos outros. Escolher agir de maneira a beneficiar nossos irmãos é mais importante do que afirmar nossa liberdade de fazer algo que viole a consciência dos outros”. Matthew Henry mantém a mesma posição:

Ainda que alguns são fracos e outros são fortes, todos devem, não obstante, estar de acordo em não viver para si mesmos. Ninguém que tenha dado seu nome a Cristo tem permissão para ser egoísta; isso é contrário ao cristianismo verdadeiro. A atividade de nossas vidas não é comprazer a nós mesmos, senão comprazer é o que faz a Cristo o todo em tudo. Embora os cristãos sejam de diferentes forças, capacidades e costumes em questões menores, ainda assim, todos são do Senhor; todos olham a Cristo, o servem e buscam ser aprovados por Ele. Ele é o Senhor dos que estão vivos e os conduz; e aos que estão mortos, os revive e levanta. Os cristãos não devem julgar-se nem desprezar-se uns a outros, porque tanto uns como outros devem render contas daqui a pouco. Uma consideração do crente acerca do grande Dia do Juízo, deveria silenciar os juízos apressados. Que cada homem esquadrinhe seu coração e sua vida; aquele que é estrito para julgar-se e humilhar-se, não é apto para julgar e desprezar a seu irmão. Devemos cuidar-nos de dizer e fazer coisas que possam fazer que outros tropecem e caiam. O um significa um grau menor de ofensa, o outro um maior, os quais podem ser ocasião de pena ou de culpa para nosso irmão. (HENRY, 2010, p.183)

Ainda, Francis Davidson afirma que “o irmão mais fraco não deve ser desprezado” e que a “consciência do irmão mais fraco deve ser respeitada”:

Paulo, primeiro que tudo, salienta o ponto de cada pessoa ter suas próprias convicções. Por elas regulará seu comportamento, com honestidade intelectual e moral, e deixará que o seu próximo faça o mesmo. Cada um vive não na presença dos seus companheiros, senão diante do Senhor, em cujo tribunal todos compareceremos [...] Nunca deviam pôr tropeço no caminho dos irmãos mais débeis, ostentando sua própria liberdade na questão de comidas e bebidas. Tal liberdade, na presença daqueles cuja consciência desaprovava aquela atitude, podia tornar-se um obstáculo ou uma ocasião de queda, isto é, um laço na senda do progresso moral. Iniciativa tomada contra a luz da consciência, por pobre que seja essa luz, é fracasso moral. [...] O princípio de abstinência total de tudo quanto escandaliza é recomendado como norma cristã de viver a vida de justiça pela fé, a fim de que um irmão não seja tentado, não tanto para a degradação carnal, quanto para a ruína moral e espiritual pelo sufocamento da consciência. Em certas circunstâncias, nossa fé pode ter de se expressar não abertamente, senão secretamente em nossa comunhão com Deus. Homem feliz é o de consciência clara. Mas o que procede contra sua consciência condena-se a si mesmo. O fator de todo importante é a fé. Mudar alguém o seu procedimento neste particular sem crer que está certo é, de fato, um pecado. (DAVIDSON, 1997, p.1180-1182)

Então, sendo guiados pela lei do amor, que tudo suporta (1 Co 13:7), agir de forma contrária é o mesmo que abandonar a instrução Divina.

O segundo fator, diz respeito a utilização de símbolos pelos cristãos para a pregação da mensagem do Evangelho em toda a sua história.

Se por um lado o irmão que acredita que árvore de natal é pecado deve ter a sua consciência preservada pelo irmão que entende que não há problema na árvore de natal, desde que ela represente simbolicamente a obra de Cristo, por outro lado o irmão que se escandaliza com a árvore de natal precisa ser esclarecido sobre a verdade dos fatos. Para isso, Ivan Bilheiro demonstra a importância da utilização dos símbolos para a preservação e propagação da mensagem do Evangelho pelos cristãos primitivos:

Assim, a arte cristã voltou-se para a representação de símbolos. Até mesmo as simples estruturas geométricas, mais largamente utilizadas no século I, foram reinterpretadas a fim de cumprir um novo papel.
O simbolismo deu, logicamente, grande força ao Cristianismo. Ao mesmo tempo em que protegia os cultos e a expressão dos fiéis, auxiliava na representação e na compreensão de conceitos religiosos [...] Houve, então, um processo de mistura de elementos diversos e de variadas fontes. Imagens simples que muitas vezes somente adornavam obras foram re-significadas, bem como imagens dos cultos pagãos e outras imagens de elementos simples da vida cotidiana.
Contrariamente à arte usual (e ao conceito que se faz desta), a arte cristã do período das perseguições passou a ser criada a fim de ter conceitos embutidos, significado interno de coisas e/ou idéias exteriores.
Assim, por exemplo, a simples forma geométrica do círculo passou a representar Jesus Cristo, e quando vinha este símbolo sobre uma cruz, significava a crucificação (considerado o fato de que as cruzes eram, geralmente, evitadas, por serem um símbolo bem óbvio da perseguida religião), e, nesse caso, nota-se o sincretismo simbólico com o Deus-sol do paganismo; ou o mesmo símbolo podia servir para representar a eternidade de Deus.
Muitos outros símbolos foram sendo criados, como o peixe, que representava, também, Jesus. Este símbolo foi escolhido porque, em grego, a palavra peixe forma um acróstico das iniciais de “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”, também em grego. O símbolo do peixe também era utilizado para reconhecimento mútuo entre os cristãos. (BILHEIRO, 2008, p.64,65)

Dessa forma, foi uma prática bastante comum entre os cristãos primitivos a criação de símbolos que expressassem a mensagem do Evangelho. Fossem esses símbolos retirados de ilustrações bíblicas, criados a partir da imaginação ou adaptados de símbolos já existentes e utilizados por outros grupos e com outros significados.

Essa prática se tornou comum e eficaz na preservação da mensagem e na preservação desta. Por isso Ivan Bilheiro diz que “a força de comunicação dos símbolos é inquestionável e adaptou-se muito bem à linguagem religiosa (ou esta adaptou-se muito bem à linguagem dos símbolos)” (IDEM, p.65).

Por tudo isso, acreditamos que apesar da distorção da Árvore de Natal com a introdução de papai Noel, gnomos e duendes, ela pode ser reutilizada nos dias atuais em sua forma original para auxiliar na transmissão da mensagem do Evangelho, que foi o seu objetivo inicial e razão pela qual foi criada. Assim como os cristãos antigos criaram novos símbolos para a pregação visual da Escritura, podemos fazer o mesmo hoje, desde que o significado de cada elemento destes símbolos seja fiel ao tema bíblico.

A DATA DO NATAL

De fato, dificilmente Jesus teria nascido no mês de dezembro como se comemora hoje. Quanto a isso Junito de Souza Brandão revela que:

O culto de Mitra, de origem iraniana, comportava igualmente o sacrifício de um touro, mas num contexto ritual bastante diferente do acima descrito. As tropas romanas difundiram o culto desse grande deus asiático por todo o Império. No dia 25 de dezembro, após o solstício do inverno, quando os dias recomeçam a crescer, celebrava-se o renascimento do Sol, o Natalis Solis, quer dizer, o nascimento de Mitra, deus salvador, vencedor invencível, nascido de um rochedo.
[...]
O Natalis Domini, o Natal de Cristo, foi colocado no dia 25 de dezembro exatamente para substituir e vencer (e o venceu para sempre) o "renascimento" do invencível Mitra. Na realidade, Cristo, personagem histórica, nasceu antes da morte de Herodes, o Grande (Mt 2,1; Lc 1,5) que faleceu no ano 4 a.C, donde concluem os exegetas que o Senhor nasceu entre os anos 7-6 antes da era crista. O mês e o dia hão de se saber na eternidade [...] (BRANDÃO, 1987, p.37)

Portanto, de fato, o mês de dezembro era utilizado para se comemorar Mitra e não Jesus. Com isso, o nascimento de Cristo foi mudado para essa data para suplantar a adoração a essa divindade.

Mas, a despeito do que muitos têm objetivado, a Bíblia nem aprova e nem reprova a comemoração de aniversários. Simplesmente deixa para que façamos ou não, segundo a edificação do povo de Deus e a ética. Antes disso, Ela nos orienta para que “quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10:3).

Solano Portela faz a seguinte afirmação, sobre o crescente número de cristãos que tem se pronunciado contra o natal:

[...] temos um movimento crescente de “Cristãos Contra o Natal”! A chamada “festa máxima da cristandade” está sob ataque cerrado de vários flancos e desta vez a luta é interna! Multiplicam-se os textos e os posicionamentos não apenas contra as características eminentemente comerciais do feriado (esse viés sempre foi um legítimo campo de batalha dos cristãos), mas somos alertados que o Natal não é nada mais do que um feriado pagão assimilado pela igreja medieval, e que persiste no campo evangélico apenas por desconhecimento do seu histórico. Essa origem, além da exploração comercial, inviabilizaria a sua observância religiosa pelos cristãos sendo fútil a tentativa de se resgatar o conceito abrigado no desgastado chavão do “verdadeiro sentido do Natal” (PORTELA, 2006, online)

Em outras palavras, Portela defende que o natal, em seu sentido comercial, abusivo e exploratório deve ser evitado, mas é necessário o equilíbrio para não se eliminar uma comemoração que possui fundamentação histórica. E mais, o autor afirma que não é porque a Bíblia não fala sobre a festa que ela não pode ser comemorada, pois não existe nenhuma ordenança bíblica para se comemorar as festas de Purim e o Hanucah, mas ainda assim Cristo o fez, pois “Jesus participou de celebrações de festividades que não procediam das determinações explícitas da Lei Mosaica, mas que refletiam ocorrências históricas importantes para o Povo de Deus – como as festas de Purim e Hanucah” (PORTELA, 2006, online).

Por isso, acreditamos que celebrar as principais datas que dizem respeito aos eventos bíblicos mais importantes é uma forma de a Igreja deixar suas marcas na sociedade, através da manutenção correta dos princípios bíblicos e de sua impressão na cultura, a exemplo do Nascimento de Jesus, Paixão, Morte e Ressurreição e o Pentecostes. Por trás dessa rejeição de datas, artes etc., há uma forte tendência docética.

Por último, os antigos cristãos, ao elaborarem as confissões de fé, deixaram isso bastante claro, como pode ser visto na Confissão de Fé de Westminster[10] (1643) e na Segunda Confissão Helvética[11] (1562).

Confissão de Fé de Westminster (1643):

A leitura das Escrituras com o temor devido, a sã pregação da palavra e a consciente atenção a ela em obediência a Deus, com inteligência, fé e reverência; o cantar salmos com agradecido coração, bem como a devida administração e digna recepção dos sacramentos instituídos por Cristo – são partes do ordinário culto de Deus, além dos juramentos religiosos; votos, jejuns solenes e ação de graças em OCASIÕES ESPECIAIS, tudo o que, em seus vários tempos e ocasiões próprias, deve ser usado de um modo santo e religioso. [grifo nosso] (1643, cap. XXI.5)

A Segunda Confissão Helvética (1562):

As festas de Cristo e dos santos. Ademais, se na liberdade cristã, as igrejas celebram de modo religioso a lembrança do nascimento do Senhor, a circuncisão, a paixão, a ressurreição e sua ascensão ao céu, bem como o envio do Espírito Santo sobre os discípulos, damos-lhes plena aprovação. Não aprovamos, contudo, as festas instituídas em honra de homens ou dos santos. (1562, cap.24)

Que o Senhor Deus nos capacite a comemorar o Natal da forma correta, para glória de Cristo e edificação de seu povo.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BILHEIRO, Ivan. A Arte Semântica dos primórdios do Cristianismo: a Disciplina do Arcano e o Simbolismo Cristão. Disponível em: . Acesso em 10 ago 2013.

BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia Grega - Volume I. Petrópolis: Vozes, 1986

BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia Grega - Volume II. Petrópolis: Vozes, 1987

BURNS, Edward McNall. História da Civilização Ocidental. 2ª edição. Porto Alegre: Globo, 1970.

BURNS, Barbara; AZEVEDO, Décio de; CARMINATI, Paulo Barbero F. de. Costumes e Culturas: Uma Introdução à Antropologia Missionária. São Paulo: Vida Nova, 1995.

CAMPBELL, Joseph John. As Máscaras de Deus: Mitologia Oriental. Volume 1. São Paulo: Palas Athena, 1995.

DAVIDSON, F. O Novo Comentário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1997.

FRANCHINI, A. S.; SEGANFREDO Carmen Alice. As melhores histórias da mitologia nórdica. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2004.

HACQUARD, Georges. Dicionário de Mitologia Grega e Romana. Rio Tinto: Edições ASA, 1996.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento: Mateus a João. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

HESÍODO. Teogonia: A origem dos deuses. São Paulo: Editora Iluminuras, 1995.

HODGE, Charles. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2001.

LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2009.

LEXIKON, Herder. Dicionário de Símbolos. São Paulo: Cultrix, 1990.

MAGNO, Albino Pereira. Mitologia: Interpretação e explicação das diversas passagens mitológicas dos “Lusíadas”. Lisboa: J. Rodrigues e CIA, s/d.

MÉNARD, René. Mitologia Greco-Romana. Volume 1. São Paulo: Opus Editora, 1991.

MÉNARD, René. Mitologia Greco-Romana. Volume 2. São Paulo: Opus Editora, 1991.

PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta: Libertando o Cristianismo de Seu Cativeiro Cultural. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

PORTELA, Solano. Calvino Contra o Natal?. 2006. Disponível em: . Aceso em: 20 dez 2010.

RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de janeiro: CPAD, 2008.

SPURGEON, C. H. Lutero: A Fé que Opera pelo Amor. 2012. Disponível em: . Acesso em: 16 abr 2013.




[1] O modo formal, aqui citado, se refere ao modelo que tradicionalmente já é utilizado, como produção de literatura e modelo educacional tradicional.

[2] Disciplina Arcana, também conhecida como Disciplina do Segredo, é uma prática que busca preservar a identidade do cristianismo daqueles que não foram iniciados ou que não se tornaram discípulos, ainda para organizar de forma metódica a maneira como o ensino da Escritura Sagrada deve ser oferecido e apresentado aos iniciados, aos discípulos, inclusive por meio da utilização de símbolos que transmitam mensagens como cruz, peixe etc.

[3] O círculo junto com a cruz também representava a aliança.

[4] O Chi-Rho é conhecido como o monograma mais antigo que se refere a Jesus Cristo, sendo denominado por alguns como o “cristograma”, datando do segundo século. Muito embora existam diversas variações do símbolo, normalmente é apresentado apenas com o “X” e o “P” ou com um círculo em volta das duas letras, que são as iniciais do nome grego Cristo.

[5] Os Amish são um grupo de cristãos anabatistas. São conhecidos por seus hábitos extremamente conservadores, restringindo o uso de equipamentos eletrônicos e automóveis, bem como pela utilização de roupas comuns ao século XIX, por exemplo.

[6] Joseph John Campbell foi um americano nascido em 1904 e falecido em 1987, reconhecido mundialmente como uma das maiores autoridades do século XX em mitologia.

[7] A guirlanda é um adorno feito de ramos entrelaçados para pendurar nas portas, utilizado no natal.

[8] A Fé que Opera pelo Amor, foi o sermão de Nº 1750, pregado na noite de domingo, 11 de novembro de 1883 por Charles Haddon Spurgeon em Exeter Hall, Londres.

[9] Para o esoterismo, a Trindade não possui o mesmo significado apresentado na Bíblia. Para eles são apenas as três “Forças Primárias do Cosmos”, e não o Deus pessoal que subsiste na forma de três pessoas distintas.

[10] A Confissão de Fé de Westminster é uma confissão de fé adotada pelas igrejas reformadas. Foi produzida pela Assembleia de Westminster e aprovada pelo parlamento inglês no ano de 1643.

[11] Confissão escrita por Johann Heinrich Bullinger, reformador suíço.

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