segunda-feira, 14 de novembro de 2016

A MENTE DE UM MARXISTA CULTURAL


Descobrindo os argumentos de que tem a mente corrompida pelas ideologias do marxismo cultural

Robson T. Fernandes

O erro nunca se apresenta em toda sua nua crueza, a fim de não ser descoberto. Antes, veste-se elegantemente, para que os incautos creiam que é mais verdadeiro do que a própria verdade.
Ireneu de Lião

Em primeiro lugar desejo deixar claro que não sou analista político. Sou teólogo. Contudo, entendemos que aquilo que denominamos de marxismo cultural é algo que se infiltrou em todos os setores da sociedade, seja na escola, universidade, política, igreja etc. Temos sido bombardeados diariamente, e mesmo sem perceber terminamos aderindo à sua forma de pensar, e o arcabouço que norteia essa ideologia tem definido, conduzido e moldado a forma de pensar e agir de nossa cultura como um todo.

Ao falar sobre o problema da manipulação cultural, destacamos a luta de Ireneu de Lion, um dos principais pais da Igreja, que se envolveu no combate contra o gnosticismo, comparando-o a uma raposa[1]. Para Ireneu, a raposa é o gnosticismo e as árvores são as várias estratégias, filosofias e formas que ela utiliza para se esconder. Por isso, é necessário derrubar as árvores para que a raposa seja vista. Tomando emprestada a analogia deste Pai Polemista, me atrevo a fazer a mesma comparação com o marxismo cultural, esta raposa.

A ideia do marxismo cultural começou com um italiano chamado Antônio Gramsci, que foi um filósofo marxista, jornalista, crítico literário e político. Ao ser preso durante o regime fascista de Benito Mussolini, escreveu cerca de trinta cadernos de análise, sobre teoria política, sociologia, antropologia e linguística, quando desenvolveu a teoria da hegemonia cultural, denominada por alguns de “marxismo das superestruturas”. Esta teoria se volta para a explicação de como o Estado usa a cultura para conservar o seu poder. O método de Gramsci implantou as teorias de Marx na sociedade, desenvolvendo tais estratégias por meio da Escola de Frankfurt, cujos teóricos mais conhecidos foram: Theodor W. Adorno, Max Horkheimer, Ernst Bloch, Walter Benjamin, Erich Fromm, Herbert Marcuse, Wolfgang Fritz Haug e Jürgen Habermas. Esse pensamento, de natureza política, se desenvolveu de tal maneira que em diversas áreas da sociedade esta forma de pensar está tão impregnada que seus pressupostos são utilizados de forma tão natural que nem nos damos conta disso.

Que o Marxismo Cultural está infiltrado na religião é um fato. No catolicismo, por exemplo, o padre Paulo Ricardo já demonstrou esse fato[2]. Mas, na igreja evangélica não é diferente. Só para exemplificar o caso, para que tenhamos ideia da proporção desse problema, citaremos um caso bastante comum na igreja evangélica atual. Aqueles que lutam contra a igreja na sua forma de instituição (movimento dos desigrejados), afirmam que a igreja (na sua forma de denominações) se mantém no poder pela imposição de uma cultura religiosa (tradição corrompida), que alienaria o povo e manteria uma divisão de classes no seio eclesiástico. Na verdade, este é um pensamento marxista-cultural aplicado à igreja. Isso sem nem falar das questões que envolvem a Missão Integral, liberalismo teológico e esquerdismo evangélico.

No contexto teológico, Antonio Gramsci ensinou, nos Cadernos do Cárcere, que a Igreja não deve ser combatida, mas esvaziada de seu conteúdo espiritual. Defendeu que a Igreja deve ser usada como um meio de propagação, ampliação, da propaganda comunista. Por isso temos visto um número cada vez maior de teólogos de esquerda, exatamente porque os mesmos se deixaram influenciar pelas ideias da Escola de Frankfurt.

No entanto, a pergunta a ser feita é: Quem é o idiota útil de verdade, os teólogos marxistas ou o povo que os segue?

A expressão “idiota útil” é utilizada para se referir a manipulação ideológica produzida pela doutrina marxista, leninista, socialista, comunista. O idiota útil é alguém pouco inteligente ou ignorante que se torna útil e serve como massa de manobra[3].

Infelizmente, para a nossa grande tristeza, essa ideia de manipulação marxista cultural está presente, inclusive, em algumas igrejas. Ainda, alguns intelectuais se empenharam por disseminar o marxismo cultural a partir do sistema educacional. Aqui entra o teórico, patrono da educação brasileira, Paulo Freire. Mas, como disse Carlos Ramalhete:

Só o que fez este triste patrono foi descobrir que o aluno é um público cativo para a doutrinação marxista. A educação deixa de ser uma abertura para o mundo, uma chance de tomar posse de nossa herança cultural, e passa a ser apenas a isca com a qual se há de fisgar mais um inocente útil para destruir a herança que não conhece [...] Paulo Freire é o patrono da substituição de conhecimento por ideologia, de aprendizado por lavagem cerebral[4]

Então, entendeu porque os líderes que estão na Igreja e defendem o marxismo cultural fazem do povo idiotas úteis? Fica então, mais uma questão a ser feita: Tais líderes fazem isso conscientemente ou não?

Nas técnicas de aplicação do marxismo cultural, utiliza-se a estratégia da desinformação, que é definida pelo professor Olavo de Carvalho da seguinte forma:

a desinformação (desinformátsya) consiste em estender sistematicamente o uso da técnica militar de informação falseada para o campo mais geral da estratégia política, cultural, educacional etc., ou seja, em fazer do engodo, que era a base da arte guerreira apenas, o fundamento de toda ação governamental e, portanto, um instrumento de engenharia social e política. Isso transformava a convivência humana inteira numa guerra - numa guerra integral e permanente.[5]

Agora, da mesma forma que os teóricos e intelectuais utilizam tais técnicas e métodos para implantar o Marxismo Cultural em nossa sociedade, muitos têm utilizado as mesmas táticas para implantar em seus meios aquilo que lhes interessa, seja para fortalecer o seu império particular ou para estabelecer sua ideologia própria. Por isso, é importante conhecermos tais técnicas para que não sejamos enganados, quer por marxistas culturais ou por outros quaisquer com ideologias quaisquer.

David Martin, em seu texto “Treze Técnicas para Suprimir a Verdade”, apresenta as principais técnicas de Desinformação utilizadas comumente. São elas: 1. Não ouça o mal, não veja o mal, não fale o mal; 2. Torne-se incrédulo e indignado; 3. Crie boateiros; 4. Use um espantalho; 5. Desvie os adversários através de xingamentos e ridicularização; 6. Bata e corra; 7. Invoque autoridade; 8. Banque o idiota – ou “nunca saiba de nada”; 9. Fabrique uma nova verdade; 10. Crie distrações maiores; 11. Silencie os críticos.

Com base nessas técnicas o autor H. Michael Sweeney[6] ainda acrescenta outras. Dentre elas: Emotive, antagonize, e incite os oponentes; Crie falsas provas.

Então, diríamos que as técnicas utilizadas por aqueles que têm uma mente marxista-cultural, têm o objetivo de aparentar idoneidade, a princípio. Alguém deseja ser visto como politicamente correto, moralmente ético, socialmente direito, íntegro. Na verdade, utiliza técnicas que visam maquiar uma imagem, camuflar uma imperfeição que está prestes a ser vista. Tudo não passa de um jogo de ilusões que tem por objetivo esconder algo.

Aquele que tem uma mente marxista cultural cria boateiros.
Tal sujeito se cerca de pessoas especializadas em mexericos e fofocas, pois tais idiotas úteis lhe são úteis na tarefa de difamar aquele que deseja. Daí, surge o espantalho.

A falácia do espantalho (Falácia do homem de palha) é muito comum em debates. Ela consiste em ignorar a posição do “adversário” na tentativa de fazer com que este pareça algo que não é. É tentar distorcer a imagem de alguém para que os fatos não sejam observados com clareza. É tentar fazer com que qualquer coisa que seja dita seja desacreditada porque a falácia do espantalho ataca a pessoa e não os fatos. É quando a “coisa” é levada para o lado pessoal propositalmente. É tirar o foco dos fatos e voltar a visão para as pessoas. Em outras palavras, é quando um “bode expiatório” é criado para que os fatos verdadeiros não sejam vistos, por isso que a atenção é desviada por meio de xingamentos e ridicularização.

Aquele que tem uma mente marxista cultural invoca autoridade para si, de tal forma que qualquer outra forma de autoridade é desrespeitada.
Quando a autoridade própria está em questão deve ser obedecida, porém, quando a autoridade é a do próximo ela deve ser questionada e desobedecida, dependendo de seus interesses pessoais. Isso fica muito claro, por exemplo, na forma como o PT se porta diante das autoridades nacionais, sejam juízes, STF ou até mesmo da própria constituição.

Aquele que tem uma mente marxista cultural banca o inocente, aquele que “nunca saiba de nada”.
Para esconder seus próprios feitos antiéticos e suas ações escandalosas, bem como seus conchavos políticos e trocas de favores, sempre se defendem escondendo os fatos e dizendo não saber de nada. Dificilmente aquele que tem uma mente marxista cultural confessará seus pecados, faltas e falhas, a menos que veja uma forma de tirar vantagem com isso.

Aquele que tem uma mente marxista cultural fabrica uma nova verdade, cria falsas provas.
Na busca por ocultar a verdade dos fatos, ser visto como inocente e perseguido, a verdade é escondida, novas “provas” são apresentadas e uma nova verdade é fabricada. Nesse sentido lembramos do ministro das comunicações de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, que afirmou que “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Então, na apresentação dessa “nova verdade” novas distrações são criadas para que seus críticos sejam silenciados. Veja o exemplo do PT, que antes apoiava as ações de seus aliados, mas agora reprova-os pelas mesmas ações, condenando-os. Ainda, os defensores do PT vêm a público com papéis, gráficos, argumentos e atos de intimidação que não passam de estratégias da mentira.
Para defender seus interesses apresentam falas provas na busca pela criação de uma nova verdade. A verdade fabricada que lhes interessa.

Aquele que tem uma mente marxista cultural utiliza o emotivo, a antagonização[7] e incita ações violentas contra seus oponentes.
É público e notório que aquele que tem uma mente marxista cultural é por natureza amigo da violência, seja por palavras ou ações. Vejamos o exemplo do MST, MTST, CUT etc. Com isso, seus seguidores passam a reproduzir o mesmo comportamento. Isso é comum e até compreensível. Vejamos dois exemplos bem distintos que ilustram esse fato. Se os seguidores de Jesus aprenderam com seu Mestre a amar e perdoar, os seguidores de Hitler também aprenderam com seu mestre a odiar, perseguir e matar. Portanto, é natural que se copie o exemplo do líder que segue e com o tempo os frutos podem ser observados, pois pelos frutos os conhecereis.

Aquele que tem uma mente marxista cultural faz uso do nepotismo como meio de manutenção de poder.
De acordo com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) o Nepotismo é:

o favorecimento dos vínculos de parentesco nas relações de trabalho ou emprego. As práticas de nepotismo substituem a avaliação de mérito para o exercício da função pública pela valorização de laços de parentesco. Nepotismo é prática que viola as garantias constitucionais de impessoalidade administrativa, na medida em que estabelece privilégios em função de relações de parentesco e desconsidera a capacidade técnica para o exercício do cargo público.[8]

Um exemplo disso é demonstrado pelo Relatório do TCU[9] (Tribunal de Contas da União) revela que o PT mantém 574 mil funcionários fantasmas no INCRA[10]. Isso é praticado tanto para favorecer aqueles que lhes interessam como meio de desvio de verbas para uso próprio.

É importante lembrar que existem muitos que têm uma mente marxista-cultural, mas que falam mal do esquerdismo, o que é um paradoxo[11]. Na verdade, tais pessoas utilizam as técnicas marxistas culturais apenas para atingir seus propósitos. A contradição dessa hipocrisia está exatamente no fato de condenarem Lula, Dilma e o PT e reproduzirem em suas vidas as mesmas práticas de manutenção de poder a todo custo, desrespeito às autoridades que Deus constituiu, incitação ao ódio e à violência, nepotismo, improbidade administrativa, falta de ética e ausência de decoro[12], busca pela construção de seu império particular, hipocrisia ao exigir dos outros coisas que não pratica, fabricação da verdade própria diante da ocultação dos fatos reais e incapacidade de reconhecer seus próprios erros.

Aquele que tem uma mente marxista cultural vive exatamente dessa forma, muito embora, em alguns casos até se posicione contra a política partidária petista e comunista do Brasil. Então, somos capazes de vivenciar tudo isso na atual situação política de nosso país. Vemos isso todos os dias na TV, rádio, jornais e internet. Somos testemunhas oculares dessa prática de vida no PT quase que diariamente. Mas a pergunta é: somo capazes de reconhecer isso à nossa volta e além da política partidária de nosso país?

Precisamos compreender que a filosofia marxista cultural vai além da política partidária de uma nação. Ela está enraizada em todos os setores da sociedade e de nossas vidas. Exatamente por isso começamos tomando emprestado a ilustração da manipulação cultural citada por Ireneu de Lion.

Por tudo isso precisamos nos conscientizar que se tirarmos o PT do poder, o que é correto! (deve ser feito!), mas não extirparmos o pensamento marxista cultural de nossa sociedade estaremos fadados ao fracasso do mesmo modo. Isso inclui a igreja.



RECOMENDAÇÕES DE LEITURA:

Bíblia Sagrada.

Como ser um conservador. Roger Scruton. Editora Record.

Conflito de visões. Thomas Sowell. Editora É Realizações.

Contra as Heresias. Ireneu de Lião. Editora Paulus.

Diagnóstico de Nosso tempo. Karl Mannheim. Zahar editores.

Não, Sr. Comuna! Evandro Sinotti. Editora Sonotti.

O fim de uma era. Walter McAlister. Editora Anno Domini.

O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota. Olavo de Carvalho. Editora Record.

Pare de acreditar no governo. Bruno Garschagen. Editora Record.





[1] LIÃO, Ireneu. Contra as Heresias. São Paulo: Paulus, 1995. p.123

[2] Disponível em: https://padrepauloricardo.org/cursos/revolucao-e-marxismo-cultural. Acesso em 04 mai 2016.

[3] Massa de Manobra é um termo cunhado por Pierre Bourdieu que quer dizer que o povo, em geral, é utilizado apenas como “volume”, força, para que os ideais de uma minoria intelectual sejam atingidos. O povo é tratado como um gado conduzido por um vaqueiro.

[4] RAMALHETE, Carlos. Um patrono à altura. Disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/colunistas/conteudo.phtml?tl=1&id=1308920. Acesso em: 29 out 2014.

[5] Disponível em: http://www.olavodecarvalho.org/semana/desinf.htm. Acesso em 04 mai 2016.

[6] Disponível em: http://vermelho.org.br/noticia/181888-6. Acesso em 04 mai 2016.

[7] A antagonização é fazer oposição, criar rivalidade.

[8] Disponível em: http://www.cnj.jus.br/campanhas/356-geral/13253-o-que-e-nepotismo. Acesso em 04 mai 2016.

[9] Disponível em: http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/RADIOAGENCIA/506918-RELATORIO-DO-TCU-SOBRE-INDICIOS-DE-IRREGULARIDADES-NA-REFORMA-AGRARIA-DIVIDE-OPINIOES.html. Acesso em 04 mai 2016.

[10] INCRA: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.

[11] Paradoxo: aparente contradição.

[12] Decoro é a correção moral, compostura, decência, dignidade, nobreza, honradez, brio e postura digna à posição que ocupa.